Barack Obama nomeia 'czar' para chefiar combate ao ebola nos EUA
Ron Klain, ex-assessor do vice-presidente, vai coordenar ações para 'proteger os americanos'
Organização Mundial da Saúde admite ter havido falhas na missão de conter a doença na África Ocidental
O presidente Barack Obama nomeou Ron Klain, ex-chefe de gabinete de seu vice-presidente, Joe Biden, como seu "czar do ebola".
Segundo a Casa Branca, Klain vai coordenar ações para "proteger os americanos ao detectar, isolar e tratar pacientes do ebola de forma integrada, sem esquecer o compromisso agressivo de frear o ebola na África Ocidental".
Assessores de Obama e o Conselho Nacional de Segurança estavam dividindo as responsabilidades com o Departamento de Saúde.
Obama já cancelou duas viagens para liderar um "gabinete de crise" contra o ebola, considerado um problema de "segurança nacional".
Mas ele recebeu críticas de democratas e republicanos pelos erros cometidos pelo Centro de Prevenção e Tratamento de Doenças, ligado ao Departamento de Saúde --o último quando permitiu que uma enfermeira que teve contato com um infectado viajasse em um voo comercial.
Duas enfermeiras foram contaminadas pelo contato com Thomas Duncan, que morreu no dia 8.
Nesta sexta (16), profissionais do Hospital Presbiteriano do Texas que tiveram contato com a vítima foram proibidos de viajar.
As TVs dos EUA têm passado boa parte da programação falando sobre a epidemia. Críticos da cobertura falam em "histeria" e "pânico". Uma mulher com sintomas suspeitos foi suficiente para isolar quarteirões ao redor do Pentágono, a sede do Departamento de Defesa americano, em Washington.
Escolas em Dallas, onde fica o hospital em que Duncan foi tratado, não tiveram aulas na quinta e na sexta, porque alguns alunos viajaram no mesmo avião de uma das enfermeiras infectadas.
FALHAS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) admitiu ter havido falhas na missão de conter a epidemia de ebola na África Ocidental, destacando equipes mal treinadas e falta de informação.
Em documento interno obtido pela agência Associated Press, a OMS diz que seus especialistas deveriam ter percebido que métodos tradicionais de contenção de doenças infecciosas não iriam funcionar em países com fronteiras "porosas" e sistemas de saúde "deficientes".
A OMS observou que os chefes das Representações da OMS em África são "nomeados por motivos políticos". Nenhum funcionário comentou o documento.
O diretor da ONG Médicos sem Fronteiras (MSF), Christopher Stokes, disse que "as promessas de ajuda para as áreas mais afetadas na África não tiveram nenhum impacto até agora. É ridículo que os nossos voluntários ainda respondam pelo grosso do esforço no tratamento da doença", acrescentou.
A MSF opera 70% dos leitos disponíveis para pacientes do ebola em Serra Leoa, Libéria e Guiné, países mais afetados pela doença.
A epidemia já matou mais de 4.000 pessoas.