Opinião
Surto atual não daria uma boa história para um livro de ficção
Em 2006, lancei um romance ["Guerra Mundial Z", editora Rocco] sobre uma praga mundial de zumbis que leva a humanidade à beira da extinção. Tentei ancorar as respostas humanas (políticas, militares, econômicas e culturais) na realidade.
Como resultado, me perguntam repetidamente se o surto de ebola representa uma encarnação do meu romance na vida real.
Por mais que qualquer escritor adore dizer que "sim, foi o que eu previ", fico feliz em afirmar que minha praga fictícia não poderia estar mais distante da realidade.
Seria possível alegar que existem semelhanças. No começo, houve alertas ignorados e falta de interesse da parte do mundo industrializado.
No entanto, cerca de um mês atrás, quando o mundo chegou ao seu momento coletivo de conscientização, a resposta se afastou fortemente de "Guerra Mundial Z".
Para começar, a cobertura da mídia ao vírus ebola vem sendo tanto intensa quanto consistente. Tente abrir um jornal ou seu laptop, ou ligar o rádio ou televisor, sem encontrar alguma coisa sobre o ebola. É impossível.
Até mesmo o presidente Barack Obama classificou o vírus como "grande prioridade de segurança nacional".
Ao contrário de "Guerra Mundial Z", no qual a "grande negação" foi seguida pelo "grande pânico", as autoridades reais tentaram moderar a possível histeria por meio de sóbria honestidade.
Quase 4.000 soldados norte-americanos estão sendo deslocados para a África Ocidental e terão imensos recursos logísticos e sistemas de apoio por trás deles.
A frente interna norte-americana também está sendo mobilizada, com fiscalização mais severa aos passageiros aéreos bem como novos programas de treinamento e equipamentos para o pessoal aeroportuário e o pessoal médico em todo o país.
Sim, a luta será longa e, sim, haverá mais mortes e sofrimento doloroso, mas se eu estivesse escrevendo "Guerra Mundial Z" hoje, e tivesse decidido basear o romance na resposta mundial ao ebola, o romance seria muito mais curto e teria final muito mais feliz.