Autoridades rejeitam nome da facção radical
"Chame do que quiser", no caso do Estado Islâmico, não é uma abordagem objetiva.
O nome da facção terrorista é também um projeto político, e seu uso define um posicionamento.
A França, por exemplo, se recusa a utilizar a expressão "Estado Islâmico", pela qual os próprios militantes da facção se chamam.
Laurent Fabius, chanceler francês, notou em setembro que essa organização não é de fato islâmica e que referir-se a ela como tal é prejudicial à imagem do islã.
John Kerry, secretário de Estado americano, tem uma posição semelhante à de Fabius e se refere aos terroristas como "Daesh", tomando emprestada a sigla árabe.
"Daesh" abrevia "al-dawla al-islamiya fi al-Iraq wa al-Sham" --ou seja, Estado Islâmico no Iraque e no Levante.
Dessa maneira, o nome continua a referir-se à organização terrorista como um "Estado Islâmico". Mas "Daesh" também se parece, em árabe, com a palavra "daes" (alguém que esmaga algo embaixo do pé). Assim, tem carga pejorativa entre falantes da língua árabe.
A questão pode parecer uma chateação linguística, mas especialistas têm notado o quão importante é lutar contra o EI também no campo da propaganda, onde a facção tem, afinal, vencido diversas batalhas. (DB)