Argentina acha corpo de garoto após 6 anos
Jovem teria sido atropelado depois de sair de delegacia; irmã vê relação entre os fatos
Um caso parecido com o do pedreiro Amarildo --que desapareceu no Rio de Janeiro no ano passado após ser levado por policiais-- teve uma resposta na Argentina.
O garoto Luciano Arruga tinha 16 anos quando desapareceu, em 31 de janeiro de 2009. Suspeitava-se que policiais o haviam matado.
Na semana passada, a Justiça revelou que suas digitais coincidem com as de uma vítima de atropelamento, enterrada em fevereiro de 2009 sem identificação.
Luciano foi atropelado a 15 quadras de sua casa na noite em que desapareceu.
O motorista prestou socorro, e o garoto foi levado a um hospital, onde morreu.
O motorista será convocado para prestar um novo depoimento.
Na época do acidente, ele relatou que o garoto havia hesitado antes de atravessar a estrada, mas que tentou passar mesmo assim e que não foi possível frear a tempo.
A família procurou Luciano até no hospital para onde ele foi levado, mas nunca obteve respostas.
O reconhecimento das digitais se deu após anos de pressão da ONG Cels, que entrou com ação na Justiça para que o Ministério da Segurança buscasse impressões digitais semelhantes às de Luciano entre as pessoas enterradas sem identificação.
A família de Luciano, que organizou um centro de direitos de adolescentes em Lomas del Mirador, onde vivem, ainda busca respostas.
Logo após o desaparecimento, Vanesa Orieta, irmã de Luciano, denunciou que policiais o assediavam para que ele roubasse e repartisse parte do roubo com eles. Segundo ela, Luciano se recusava a obedecer e por isso era perseguido.
Orieta afirma que o jovem havia sido detido na mesma noite em que morreu e que saíra da delegacia pouco antes de ser atropelado.
"Qual a relação entre a detenção e o acidente? Os horários favorecem [essa relação], mas é preciso investigar o que aconteceu nas horas anteriores ao atropelamento. Aliás, ele foi atropelado em uma estrada que ninguém atravessa. E ele sabia onde fica a ponte para cruzá-la. Ele vivia perto desse ponto e sabia disso", questiona Orieta.
A Cels soltou uma nota sobre o caso. "Luciano (...) havia sido torturado em uma delegacia em 2008, e os policiais adulteraram os registros do dia em que ele desapareceu, entre outras manobras que indicam que há vontade de ocultar informações."