Governo de Hong Kong acena com concessões sobre eleições diretas
Mudança pode tornar mais democrático comitê que escolherá candidatos na votação de 2017
Estudantes, porém, pedem que concorrentes sejam apresentados de forma livre, sem passar pelo crivo do governo
O chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, afirmou pela primeira vez que há espaço para algum tipo de modelo mais democrático para a escolha do governador do território chinês, em 2017, por eleição direta.
"Há espaço para discussão aqui. Há espaço para tornar o comitê de nomeação [dos candidatos a governador] mais democrático e esta é uma das coisas que gostaríamos muito de debater com estudantes e a comunidade em geral", declarou, antes da primeira reunião que teve com estudantes.
O comitê é um colegiado de 1.200 membros que escolherá os três candidatos ao governo da cidade na eleição de 2017.
Os estudantes, no entanto, rejeitam esse filtro e querem que haja liberdade total para candidaturas.
Uma segunda rodada de conversas deve ocorrer ao longo dos próximos meses.
O encontro entre as duas partes não produziu, porém, nenhum acordo.
A pedido dos estudantes, a negociação desta terça foi televisionada.
Telões foram colocados nos pontos de protesto da cidade para que manifestantes pudessem acompanhá-la.
Leung reiterou que o governo não vai permitir que os cidadãos escolham quem serão os candidatos.
Em entrevista a meios de comunicação estrangeiros na segunda-feira (20), ele afirmou que "é impossível que os cidadãos possam eleger os candidatos ao governo".
Leung explicou que, se isso acontecesse, se correria "o risco de dar aos pobres e à classe trabalhadora de Hong Kong uma voz dominante na política".
Leung advertiu sobre os perigos desse "populismo" e afirmou que o sistema eleitoral atual é necessário para proteger os grupos minoritários.
Na fala de abertura, o líder estudantil Alex Chow disse que a decisão do Legislativo da China de descartar a nomeação civil e exigir o comitê "castrou" Hong Kong.
"Autoridades do governo de Hong Kong podem decidir agora se querem ser heróis democráticos ou vilões históricos", afirmou.
As autoridades do governo se prenderam à posição oficial de que as leis de Hong Kong não podem ser alteradas para acomodar as demandas dos manifestantes.
O secretário de Justiça, Rimsky Yuen, ressaltou que muitos na cidade não pensam da mesma forma.
"Nós esperamos que vocês entendam que há muitas pessoas que não estão em Mong Kok, que não estão em Admiralty. Elas estão em casa, e não estão insistindo sobre a nomeação civil", afirmou, citando os locais de protestos na cidade.