Após confronto, Maduro muda pasta do Interior
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta sexta-feira a demissão do seu ministro da Justiça, Interior e Paz, acusado de abuso numa recente operação policial que matou cinco paramilitares governistas.
Miguel Rodriguez Torres, no cargo havia 19 meses, será substituído pela almirante Carmen Meléndez, ministra da Defesa.
Meléndez é a primeira mulher a comandar a pasta, que inclui o controle do aparato policial.
O novo ministro da Defesa é o general Vladimir Padrino Lopez.
A saída de Rodríguez Torres era exigida por alguns "coletivos", como são chamadas as organizações, misto de missões sociais e grupos armados, que atuam nas comunidades com apoio do governo.
A crise atual estourou em 7 de outubro, quando agentes da polícia científica invadiram um prédio de Caracas que abriga um "coletivo".
Cinco integrantes foram mortos, numa ação qualificada de execução sumária por testemunhas. Entre as vítimas estava José Odreman, líder do coletivo 5 de Março.
Rodríguez Torres alegou que os mortos eram delinquentes e assassinos, mas não foram apresentadas provas disso.
Amigos de Odreman questionaram o fato de ele ser chamado de criminoso e, ao mesmo tempo, ter sido enterrado no "cemitério dos mártires", onde ficam tumbas de ilustres simpatizantes do governo.
O enterro foi custeado pelo governo. Redes sociais estão cheias de fotos mostrando Odreman ao lado de ministros.
Membros do 5 de Março apoiados por outros "coletivos" ensaiaram protestos de rua e exigiram explicações de Maduro, gerando temores de escalada armada com a polícia.
A queda foi comemorada por aliados de Odreman. "É um gesto de confiança em direção aos 'coletivos' e uma resposta do governo", disse à Folha um dos chefes do 5 de Março.