Manifestantes cercam assembleia estadual no México
Grupo pressionava deputados para escolher sucessor de governador que deixou cargo por sumiço de 43 alunos
O Congresso do Estado de Guerrero, no sudoeste do México, foi cercado nesta sexta-feira (24) por estudantes, professores e camponeses que exigem do governo o paradeiro de 43 estudantes desaparecidos em 26 de setembro.
Os alunos, que estudam na escola normal rural de Ayotzinapa (a 294 km da Cidade do México), sumiram após uma emboscada de policiais e traficantes na estrada, depois que saíram de Iguala.
Segundo a Promotoria, o ataque foi encomendado pelo prefeito da cidade, José Luis Abarca, com auxílio do cartel Guerreros Unidos. Ele e a mulher, María de los Ángeles, foram indiciados e estão foragidos desde o dia 30.
Os manifestantes pressionam o Legislativo local para selecionar o sucessor do governador Ángel Aguirre, padrinho político de Abarca, que também é investigado pelo desaparecimento.
Aguirre se licenciou do cargo na quinta (23). Depois do protesto, que terminou com um escritório incendiado, o Congresso adiou para sábado (25) a aprovação da licença. O nome do novo governador deverá ser anunciado na próxima segunda (27).
Nesta sexta, o presidente Enrique Peña Nieto disse que apoiará o mandatário interino de Guerrero. "Trabalharemos para garantir a ordem, a segurança e o desenvolvimento para todos os moradores de Guerrero", declarou.
Uma das maiores preocupações do governo federal é que, com a saída de Aguirre, a instabilidade política aumente no Estado.
Grupos de professores, estudantes e camponeses já ocupam 25 das 81 prefeituras de Guerrero, incluindo Iguala, a capital Chilpancingo e a turística Acapulco.
Os protestos cresceram em especial com o apoio de movimentos rurais e urbanos de esquerda aos alunos de Ayotzinapa. A escola é conhecida por ter forte militância contrária ao governo.
Por esse motivo, é chamada de "celeiro de guerrilheriiros" pelas autoridades, que diminuíram os recursos enviados à unidade. A maior parte da verba usada pelos estudantes era obtida em arrecadações, como a ocorrida em Iguala antes do ataque.