Austrália nega visto a cidadãos de países atingidos pelo ebola
Medida do governo recebe críticas de especialistas em saúde
O governo da Austrália decretou uma proibição geral de vistos para países da África Ocidental afetados pelo surto de ebola. Está vetada a entrada de qualquer pessoa de Serra Leoa, da Guiné e da Libéria, as três nações com o maior número de casos.
A Austrália é o primeiro país a tomar uma decisão desse tipo. A medida recebeu críticas de especialistas em saúde e de defensores dos direitos humanos.
Apesar de uma série de casos suspeitos, a Austrália não registrou qualquer caso de ebola, e o primeiro-ministro conservador, Tony Abbott, tem resistido aos pedidos para que o país envie profissionais de saúde para ajudar a combater a doença nos países africanos atingidos.
A decisão foi apontada pelo governo como uma precaução necessária. "Essas medidas incluem a suspensão temporária do nosso programa de imigração, incluindo o nosso programa humanitário para países afetados pelo ebola, e isso significa que não estamos processando qualquer aplicação [de visto] desses países afetados", disse o ministro da Imigração, Scott Morrison, ao Parlamento.
O surto de ebola, que começou em março, já matou cerca de 5.000 pessoas, a maioria na África Ocidental.
Os riscos para a Austrália são pequenos devido ao isolamento geográfico do país, de acordo com Adam Kamradt-Scott, professor do Instituto de Doenças Infecciosas e Biossegurança da Universidade de Sydney. "Esta é uma decisão puramente política", disse Kamradt-Scott. "Há muito pouca evidência científica ou racionalidade médica para fazer isso".
MALI
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta terça-feira (28) que 82 pessoas estão em observação no Mali por terem estado em contato com a criança que morreu de ebola no país na semana passada --embora, por enquanto, nenhuma delas tenha apresentado sintomas da doença.
Entre os monitorados estão 11 profissionais de saúde.
Permanecem no Mali três especialistas da OMS, que estavam na semana passada verificando se o país está preparado para um eventual surto da doença --dois deles viajaram para Kayes, a cidade onde morreu a menina.