Província argentina enfrenta motim policial
Cristina Kirchner envia Guarda Nacional para patrulhar Santa Cruz, sua base eleitoral
O governo argentino enviou nesta sexta-feira (31) soldados da Guarda Nacional e da Guarda Costeira para patrulhar parte da província de Santa Cruz, no extremo sul do país, que passa por um motim da polícia local desde a noite de quarta (29).
Segundo o governo local, mais de 350 dos cerca de 4.000 policiais provinciais não saíram às ruas. A situação mais grave ocorre em Caleta Olivia, no norte de Santa Cruz, onde a Guarda Costeira patrulha a cidade deste a tarde de quinta (30).
O primeiro grupo da Guarda Nacional chegou à cidade na tarde desta sexta. Em comunicado, a prefeitura de Caleta Olivia pediu a moradores e comerciantes que fiquem atentos à possibilidade de saques e outros crimes.
O governador de Santa Cruz, Daniel Peralta, disse que processará os policiais amotinados por sedição e aplicará multas diárias de até 1.200 pesos (R$ 330, pelo câmbio oficial) para quem desrespeitar a ordem.
Os agentes pedem aumento de salário e mudança no cálculo de referência para rendimentos maiores que o piso de 12.600 pesos (R$ 3.500). Para o governo provincial, porém, o amotinamento foi feito devido a disputa política entre os próprios policiais.
A situação em Santa Cruz, província que é a base política do ex-presidente Néstor Kirchner e da atual mandatária, Cristina Kirchner, já é motivo de preocupação à Casa Rosada.
O chefe de gabinete argentino, Jorge Capitanich, chamou os policiais amotinados de "deliquentes" e afirmou que o protesto é "uma estratégia golpista, de afronta às instituições e à democracia".
"O aquartelamento é um delito e tem que ser sumariamente castigado. Eles cometem delito de sedição, que requer repúdio e condenação porque quem usa uma arma deve dar segurança aos cidadãos", disse.
O temor é que os motins se repitam em outras províncias, assim como ocorrido em dezembro de 2013, que levou a uma onda de violência em Córdoba e Santa Fé.
Segundo o jornal "La Nación", há mobilização para novos motins nas polícias das duas províncias, além de Tucumán (centro), Río Negro (sudoeste), Chaco (nordeste) e Jujuy (norte).
Para Capitanich, informar os possíveis motins policiais é "uma apologia sistemática ao crime". "Há uma usina articulada de rumores armada por grupos opositores. Informar sobre delitos que podem vir é uma estratégia para propagar esses episódios".