Israel reabre acesso a local sagrado do islã
Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, havia sido fechada na quinta-feira após atentado contra radical judeu
Atitude havia causado protestos de palestinos; Bloqueio segue válido para homens com menos de 50 anos
Israel reabriu nesta sexta-feira (31) o acesso à Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, e enviou ao local mais de mil agentes de segurança.
No entanto, a proibição da entrada de homens com menos de 50 anos foi mantida, informou Luba Samri, porta-voz da polícia israelense.
Na quinta, o atentado contra Yehuda Glick, um judeu de ultradireita, e a morte a tiros do palestino suspeito pelo ataque acenderam o medo de uma nova onda de violência na cidade.
Para tentar inibir protestos, o governo israelense fechou o acesso à Esplanada, local sagrado para o islã. A atitude provocou reclamação de palestinos.
Nesta sexta, pequenos grupos de fiéis palestinos percorreram uma série de postos de controle israelenses em direção ao local. Houve enfrentamentos em alguns deles.
O Exército israelense informou que cinco palestinos ficaram feridos em confrontos no posto de Qalandiya, perto da cidade de Ramallah, na Cisjordânia.
GÁS E PEDRAS
Imagens de vídeo mostraram soldados de Israel lançando bombas de gás lacrimogêneo contra dezenas de palestinos, que atiravam pedras contra eles.
Militares israelenses informaram que também houve confrontos em pelo menos cinco outras localidades da Cisjordânia, embora sem registro de feridos.
Os mais de mil policiais e soldados israelenses foram espalhados pelas ruas da cidade velha e perto dos portões que levam à mesquita de Al Aqsa.
Além dos policiais, havia também homens de unidades antimotim à paisana e balões de observação que flutuavam no céu da cidade.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, disse por meio de seu porta-voz que, aliado a outras atitudes de Israel, o fechamento do acesso à mesquita de Al Aqsa equivalia à uma "declaração de guerra".
A agência oficial de notícias da Palestina, Wafa, informou que Abbas falou por telefone com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e elogiou os esforços de Kerry e do rei Abdullah, da Jordânia, para "conter as ações israelenses e deter a escalada de violência".
LOCAL DE TENSÃO
A Esplanada das Mesquitas tem sido um ponto de tensão entre judeus e muçulmanos ao longo de décadas.
Chamada de Monte do Templo pelos judeus, é o terceiro lugar mais sagrado da religião islâmica.
Também é um local sagrado do judaísmo, por ter abrigado o Segundo Templo, destruído pelos romanos.
De acordo com as regras que regem o acesso a Al Aqsa, que é administrado pelas autoridades religiosas da Jordânia, os judeus são autorizados a entrar no complexo, mas não podem rezar ali.
Israel frequentemente limita o acesso a muçulmanos com menos de 40 ou 50 anos quando teme confrontos.
Em setembro de 2000, a visita ao local do então líder da oposição israelense, Ariel Sharon, deflagrou violentos protestos palestinos. Os eventos culminaram na Segunda Intifada, levante palestino contra Israel--a Primeira Intifada ocorrera em 1987.