'Madri não quer dialogar', diz separatista da Catalunha
Região espanhola pretende realizar plebiscito de independência neste domingo, mesmo não reconhecido pelo governo central
As autoridades da Catalunha mantêm vivo o projeto de realizar neste domingo (9) uma consulta pela independência, apesar de o governo espanhol já ter dado sinais de sua inclinação a impedi-la.
"Estamos convencidos de que haverá votação", diz à Folha Oriol Junqueras, presidente da Esquerda Republicana e uma das principais figuras políticas por trás da movimentação catalã pela criação de um Estado próprio.
"O caminho depois do voto é longo. Vamos eleger um Parlamento com maioria independentista e declarar a nossa independência."
Mas o trajeto é longo também rumo ao próprio voto deste domingo. A ida de multidões às ruas em setembro não convenceu o governo em Madri a aceitar a consulta popular sobre a independência catalã, e o Tribunal Constitucional suspendeu o ato.
O governo do presidente catalão Artur Mas manteve o plano de voto mesmo após a suspensão, mas agora evitando usar estrutura estatal na organização da consulta, tentando mantê-la assim fora do alcance do primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy.
A atuação do líder regional, porém, não agrada às forças independentistas do Parlamento catalão. Junqueras tem demonstrado publicamente seu descontentamento, exemplificado pela atitude que vê como demasiado apaziguadora de Mas.
"Madri não quer dialogar", diz Junqueras. "Eles estão contra não apenas o voto, mas também qualquer tipo de acordo fiscal, leis de educação e projetos sociais."
A Catalunha já goza, hoje, de ampla liberdade de decisão. A educação, por exemplo, é competência local.
Figuras como Junqueras reclamam mais controle de políticas econômicas, em torno do argumento de que a região produz uma importante fatia das riquezas do país.