Milhares vão às ruas no México por desaparecidos
Houve confrontos localizados entre a polícia e grupos de manifestantes
Pais dos 43 jovens desaparecidos no sul do país participaram das marchas para pressionar o governo
A Cidade do México virou palco de confronto entre manifestantes e policiais nesta quinta-feira (20), durante protesto de milhares de pessoas para pressionar o governo pela investigação sobre o desaparecimento e possível massacre de 43 estudantes no sul do país.
Em um dos três grandes protestos convocados, o grupo respondeu à polícia após ser barrado numa estrada de acesso ao aeroporto da capital --a cerca de dois quilômetros do local.
Os manifestantes, muitos deles encapuzados, lançaram coquetéis molotov e pedras contra a polícia, que respondeu com bombas de gás lacrimogêneo e cassetetes.
Até a conclusão desta edição, havia informação de um ferido no confronto. Ao menos 15 pessoas teriam sido detidas.
Por causa da manifestação, muitos passageiros tiveram que percorrer a pé, com malas, uma parte do caminho até o aeroporto.
No início da noite (hora local), as marchas se encontraram no Zócalo, a grande praça no centro histórico, também marco zero da cidade.
Muitos manifestantes carregavam cartazes pedindo a renúncia do presidente, Enrique Peña Nieto.
Três caravanas com os pais dos jovens desaparecidos se uniram às manifestações.
No início da tarde, a polícia já havia reforçado a segurança de prédios do governo. Grande parte dos estabelecimentos comerciais também fecharam as portas com medo de saques e depredação.
EMBOSCADA
A crise começou quando 43 estudantes de Ayotzinapa, no Estado de Guerrero, na costa do oceano Pacífico, desapareceram no dia 26 de setembro na cidade de Iguala, na mesma região.
O desaparecimento ocorreu depois de terem sido atacados por policiais corruptos e por traficantes aparentemente sob as ordens do prefeito local, ligado ao cartel Guerreiros Unidos.
Segundo a Procuradoria Federal, traficantes detidos revelaram que os 43 jovens tinham sido assassinados e seus corpos, incinerados e jogados em um rio.
As manifestações cobram respostas do governo sobre o desaparecimento dos estudantes.
Além dessa crise, Nieto se viu envolvido no escândalo da compra por sua mulher, Angélica Rivera, de uma mansão construída por uma empreiteira acusada de ser beneficiada pelo governo.
Nesta semana, a primeira-dama anunciou que colocará à venda a parte já paga do imóvel. Nesta quinta, Nieto também decidiu tornar pública sua declaração de bens.
Antes da crise, o presidente vinha sendo elogiado por fazer reformas econômicas.