Presidente turco rejeita críticas da Europa
Bloco reprovou operação policial que prendeu mais de 20 membros de veículos de imprensa ligados à oposição
Recep Tayyip Erdogan defendeu ação e disse que União Europeia "deveria cuidar de sua própria vida"
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, rejeitou as críticas da União Europeia sobre a operação policial que prendeu mais de 20 membros da imprensa do país no domingo (14).
Para ele, o bloco "deveria cuidar de sua própria vida".
"Não temos nenhum problema se a UE nos aceita ou não", afirmou.
"Não iremos nos reconciliar com aqueles que inventam notícias. Não acreditem em mentiras. Coisas muito bonitas estão acontecendo na Turquia. Tudo isso é parte de um processo de normalização", disse, segundo o jornal turco "Hurriyet".
A maioria dos detidos trabalha no jornal "Zaman" e no canal de TV Samanyolu, organizações ligadas ao grupo Hizmet, cuja filosofia é baseada nas ideias do pregador islamita Fethullah Gülen.
Gülen, que se autoexilou nos EUA em 1999, tornou-se um dos maiores críticos do governo nos últimos meses. Estima-se que seu movimento possua ao menos 7 milhões de integrantes na Turquia.
A tensão entre o governo turco e membros do Hizmet ganhou força em novembro de 2013, quando Erdogan, então premiê, defendeu o fechamento das escolas preparatórias para o vestibular (dershanes), um dos principais braços de atuação do Hizmet.
Em dezembro do mesmo ano, uma investigação policial revelou uma rede de corrupção que atingiu o diretor do Banco Central e filhos de ministros de Erdogan. Na época, aliados do governo sugeriram que o Hizmet estava por trás dessas investigações.
Segundo o vice-premiê-turco, Bulent Arinc, a operação contra o "Estado paralelo" --uma das formas que o governo usa para se referir ao Hizmet-- não foi uma ação política, mas parte de um processo judicial contra o movimento liderado por Gülen que corre desde 2011.
"Esperamos que a investigação do caso seja conduzida de maneira justa e que as pessoas inocentes sejam liberadas e possam retomar suas vidas", disse.
OPERAÇÃO
A operação, levada a cabo pela polícia antiterrorista turca no domingo (14), ocorreu em 13 cidades da Turquia, inclusive em Istambul. Ao menos 29 pessoas foram detidas, segundo a agência de notícias turca Anadolu.
Sete pessoas já tinham sido liberadas na tarde de segunda-feira (15). Elas são acusadas de fazer campanhas difamatórias contra o governo e de forjar evidências para tramar um golpe de Estado.