Terror em Paris
França terá ações 'excepcionais' contra terror
Premiê anuncia, porém, que medidas não serão "de exceção", e que país não está em guerra contra os islâmicos
País enviou soldados para proteger locais judaicos e islâmicos; policiais mortos em ataque são enterrados
Na véspera de completar uma semana do ataque à Redação do jornal "Charlie Hebdo", o primeiro-ministro da França, Manuel Valls, anunciou que o governo tomará medidas "excepcionais, mas não de exceção" para combater o terrorismo. Não detalhou quais, no entanto.
"A uma situação excepcional devemos responder com medidas excepcionais. Mas digo com a mesma força: jamais medidas de exceção, que violem os princípios do direito e os valores", disse.
À Assembleia Nacional ele tentou diminuir a tensão com a comunidade islâmica e disse que a França está em "guerra com o terrorismo, não contra o islã e os muçulmanos". O discurso aconteceu após a Assembleia aprovar a prorrogação de ataques ao Estado Islâmico.
Além do diálogo com os muçulmanos, o ministro tenta justificar as ações tomadas pelo governo após a série de ataques terroristas que deixaram 17 mortos, sendo 12 na invasão ao "Charlie Hebdo".
O semanário virou alvo por publicar charges de Maomé. Outros quatro morreram em um mercado judaico, no dia 9, e uma policial foi morta numa troca de tiros no dia 8.
Entre as medidas do governo está a operação iniciada nesta terça (13) com 10 mil soldados em regiões sensíveis de Paris, com foco em transporte e turismo, e outros 5.000 em áreas judaicas.
A portaria da escola judaica Lucien de Hirsh, uma das mais tradicionais da cidade, era vigiada por três soldados fortemente armados.
Diante do temor de novos ataques, o governo francês quer separar os radicais islâmicos dos demais presos nas cadeias e intensificar o controle da comunicação dos extremistas pela internet.
Nesta terça, as autoridades francesas disseram que as armas usadas pelos irmãos Said e Chérif Kouachi no ataque ao "Charlie Hebdo" e pelo atirador Amedy Coulibaly no mercado judaico foram compradas no exterior, provavelmente na Bélgica.
O governo acredita que os três receberam instruções de células terroristas, mas ainda não tem certeza se agiram em nome de alguma organização maior, como a Al Qaeda (que reivindicou o ataque) e o Estado Islâmico.
Nesta terça, a Promotoria da Bulgária anunciou que um francês preso no dia 1º tentando ir à Turquia pode ter vínculos com Chérif.
Os três policiais mortos nos ataques, Ahmed Merabet, Franck Brinsolaro e Clarissa Jeah-Phillipe, foram sepultados em funeral com a presença do presidente François Hollande. Ao mesmo tempo, em Israel, foram enterrados os judeus mortos no mercado: Yohav Hattab, Yohan Cohen, Philippe Braham e François-Michel Saada.