Líder oposicionista defende mobilização contra Maduro
Segundo Henrique Capriles, o governo da Venezuela está "à beira do colapso"
O líder da oposição venezuelana, Henrique Capriles, convocou nesta quarta (14) a população a se mobilizar contra o presidente Nicolás Maduro, cujo governo estaria, disse ele, à beira do colapso.
As declarações de Capriles, que também é governador do Estado de Miranda, surgem em meio ao acirramento da escassez dos bens de consumo e à volta de focos de tensão social pelo país.
"Esta é a hora para que o povo ative a sua voz. Estão reunidas as condições para que o povo fale com contundência e para que aconteçam as mudanças que a maioria dos venezuelanos quer", disse Capriles à imprensa.
Ele não especificou como se daria essa mobilização, mas rejeitou protestos violentos antigoverno como os iniciados em fevereiro de 2014, que deixaram 43 mortos.
Capriles se pronunciou no momento em que Maduro faz visitas a países petroleiros para tentar obter apoio à proposta de cortar a produção de petróleo para reverter a queda dos preços.
A desvalorização do barril agrava a crise econômica que assola o país desde o ano passado, gerada em grande parte por distorções cambiais e rombo nas contas públicas.
Após o pico de compras de fim de ano, mercados públicos e privados não estão conseguindo repor estoques de alimentos e produtos de higiene, esvaziando prateleiras e gerando longas filas.
Há relatos de saques e confrontos entre manifestantes e a polícia no interior.
O governo nega dificuldades de importação devido à falta de divisas e diz que a escassez é fruto de um complô organizado pela oposição com apoio dos EUA.
Capriles afirma que a culpa é do governo, incapaz, segundo ele, de ter aproveitado os anos de bonança petroleira (2003-2013) para consolidar uma economia eficiente.
"Não é o país que está em fase terminal, mas o governo e seu projeto [...]. Isso que chamam de revolução acabou", afirmou Capriles, numa referência ao projeto político implementado pelo então presidente Hugo Chávez (1954-2013) em 1999 e mantido por seu sucessor, Maduro.