Campanha por segundo filho fracassa na China
Menos de 10% dos casais autorizados a ter outra criança procuraram o governo do país
Em vigor há um ano, o relaxamento da política de filho único na China atraiu menos interessados do que o governo e especialistas chineses esperavam. Dos 11 milhões de casais autorizados pelas novas regras, menos de 10% manifestaram o desejo de ter um segundo filho.
O alto custo de ampliar a família é apontado pela maioria como o motivo para desistir da ideia. "Com o meu salário, mal dou conta de sustentar minha família. Ter mais um filho é impensável", diz o cozinheiro Sun, 33, pai de um garoto de cinco anos.
De acordo com a agência estatal Xinhua, quase 1 milhão de casais se inscreveram para ter o segundo filho desde que a China relaxou o controle de natalidade, no começo de 2014. A permissão se aplica a casais em que um dos pais é filho único.
Antes da medida, especialistas estimavam que o relaxamento da política levaria a um boom de até 13 milhões de bebês em cinco anos.
Um ano após a implementação, a resposta também ficou aquém da expectativa oficial de que ao menos 2 milhões de casais usariam a permissão para ter outro filho.
Muitos defendem a abolição do controle de natalidade por razões econômicas e humanitárias. A controvertida política do filho único causou um desequilíbrio demográfico e agravou o problema do envelhecimento da população da China. Em 2007, havia seis adultos economicamente ativos para cada aposentado. Até 2040, segundo projeções, essa proporção deve cair a dois para um.
Além disso, há o impacto social negativo, como a discriminação de gênero. Como meninos são preferidos, aumentou a prática do infanticídio de meninas no país. Por esse motivo, os médicos são proibidos de revelar o sexo do bebê durante a gravidez.
O governo, porém, lembra que mesmo uma pequena mudança demográfica poderia gerar graves problemas socioeconômicos no país mais populoso do mundo, de 1,3 bilhão de habitantes.
"Fatores como a capacidade de dar educação e saúde para os bebês adicionais precisam ser considerados", disse Mao Qun'an, porta-voz da Comissão Nacional de Planejamento Familiar. "Nossa intenção jamais foi ter uma avalanche de novos nascimentos com a qual a sociedade não tem como lidar."
Não é a primeira vez que a política de filho único é revista desde que foi adotada pelo governo, em 1979, para conter a explosão demográfica. Ao longo dos anos, permissões foram abertas para minorias étnicas, populações rurais e casais sem irmãos.