Esquerda mantém favoritismo na Grécia
'Quem vai votar no domingo são os gregos, não os credores', diz líder de partido contrário a medidas de austeridade
Pesquisas dão o Syriza 5 pontos à frente da sigla do governo, mas sem maioria suficiente para governar sem alianças
Pesquisas divulgadas pela mídia grega nesta quinta-feira (22) apontam que o partido de esquerda radical Syriza se mantém favorito nas eleições legislativas de domingo (25) que vão definir um novo governo para a Grécia.
Um comício na praça Omonia, em Atenas, encerrou a campanha liderada por Alexis Tsipras, que será o premiê se o partido conseguir obter maioria no Parlamento.
Todas as atenções políticas e financeiras da Europa estarão voltadas para a eleição. Uma eventual vitória do Syriza preocupa as lideranças europeias porque pode representar mudança nas relações gregas no bloco e respingar na economia do continente.
O Syriza defende, entre outras coisas, romper com as medidas de austeridade fiscal negociadas desde a crise de 2010 em troca do socorro de € 245 bilhões do Fundo Monetário Internacional e do Banco Central Europeu. O partido quer ainda o perdão de parte da dívida pública do país, hoje em 175% do PIB.
As pesquisas mostram o Syriza oscilando entre 31% e 36% dos votos, em média com cinco pontos percentuais à frente da Nova Democracia, liderada pelo premiê Antonis Samaras, no poder desde 2012 e defensor dos cortes.
Em 2014, a Grécia apresentou os primeiros sinais de que saiu da recessão, mas seu desemprego continua o mais alto da Europa --cerca de 26%.
Para o Syriza, a austeridade fiscal não trouxe benefícios à população. "Quem vai votar no domingo são os gregos, e não os credores. É a hora de mudarmos isso", disse Tsipras durante o comício.
A campanha da Nova Democracia acaba nesta sexta, com Samaras batendo na tecla de que eventual vitória do Syriza é um risco para o país.
As eleições de domingo foram convocadas depois do fracasso da coalizão de Samaras em eleger um novo presidente grego, em dezembro.
O país tem 9,8 milhões de eleitores. Ao todo, são 300 cadeiras do Parlamento em jogo. Segundo pesquisas, hoje o Syriza não obteria as 151 cadeiras necessárias para fazer maioria e governar sozinho.
Precisaria negociar uma coalizão com legendas menores para indicar o premiê. Nesse caso, provavelmente será cobrado a ceder e adotar discurso mais moderado.