Radicais atacam na Nigéria durante visita de John Kerry
Confronto com o Boko Haram no nordeste do país pode ter matado até 200
Em Lagos, maior cidade nigeriana, secretário de Estado pediu eleição pacífica e prometeu apoio contra jihadistas
Durante a visita oficial do secretário de Estado dos EUA, John Kerry, neste domingo (25), a Nigéria foi novamente palco de ataques do grupo radical islâmico Boko Haram.
Pelo menos oito pessoas morreram e 27 ficaram feridas, na maioria civis, em um confronto entre o Exército e os extremistas em Maiduguri, cidade de 600 mil habitantes no nordeste do país.
Fontes ouvidas pela Associated Press, porém, dizem ter contabilizado mais de 200 corpos, a maioria de rebeldes.
Ao sul, no Estado de Adamawa, insurgentes atacaram pequenos povoados, saqueando e queimando casas.
Kerry fez um apelo aos candidatos das próximas eleições, previstas para 14 de fevereiro, para que o resultado das urnas seja respeitado.
A corrida eleitoral é a mais acirrada desde a democratização do país, em 1999, e os EUA temem que uma onda de violência pós-eleições possa desestabilizar o país mais populoso da África e fortalecer os extremistas islâmicos.
O secretário de Estado se reuniu com o presidente Goodluck Jonathan e seu maior rival nas eleições, o ex-ditador Muhammadu Buhari, em Lagos, maior cidade do país.
"Esta será a maior eleição democrática do continente", disse Kerry após o encontro. "Considerando o que está em jogo, é absolutamente crítico que as eleições sejam conduzidas de forma pacífica --que sejam livres, transparentes e que tenham credibilidade."
O secretário prometeu apoio na luta contra os radicais e disse que quem incitar a violência nas eleições será impedido de entrar nos EUA.
Os radicais do Boko Haram são a grande dor de cabeça de Jonathan, que tenta o segundo mandato. O Exército afirmou que, neste domingo, expulsou os rebeldes de Maiduguri e evitou ataque ao aeroporto da cidade. Foram feitos ataques por terra e ar e imposto um toque de recolher.
No entanto, os jihadistas, cuja bandeira é implantar um Estado islâmico na Nigéria, conquistaram outra cidade, Monguno, no Estado de Borno. Eles usaram explosivos e atearam fogo às casas. Não há dados oficiais de mortos.
LIBERTADOS
Ainda no domingo, o Boko Haram libertou 192 pessoas, a maior parte mulheres, no Estado de Yobe (nordeste da Nigéria), segundo a mídia local.
As pessoas libertadas eram da cidade de Katarko, onde, no início deste mês, os jihadistas sequestraram 218, disse o dirigente local Alhaji Goni. As 219 meninas que o Boko Haram sequestrou em Chibok em abril do ano passado continuam desaparecidas.