Chavismo 'esvaziou' poderes de Ledezma
Antonio Ledezma leva o pomposo título de "prefeito maior do distrito metropolitano de Caracas". Na prática, porém, o cargo foi bastante enfraquecido devido a manobras do governo central para esvaziar seus poderes.
O imbróglio começou nas eleições municipais de 2008, quando Ledezma arrematou a Prefeitura Metropolitana de Caracas, espécie de superprefeitura que agrupa os cinco municípios da capital.
A vitória de Ledezma acabou com o domínio dos grupos leais ao então presidente Hugo Chávez.
Em resposta, o governo federal criou no ano seguinte o cargo não eleito de chefe de governo metropolitano, que esvaziou prerrogativas e quase todo o orçamento da Prefeitura Metropolitana.
Quatro dos cinco municípios da Grande Caracas estão hoje nas mãos da oposição, o que acirra a disputa por autonomia e recursos.
Ledezma foi reeleito em 2013. Ele costumava despachar no gabinete da Prefeitura Metropolitana, no município Libertador, tradicional bastião chavista. Após vários ataques de militantes chavistas contra o gabinete, Ledezma passou a trabalhar em outros escritórios.
O local invadido nesta quinta-feira está situado no município de Chacao, reduto da classe média antichavista. Apesar das restrições, aliados dizem que Ledezma conseguia trabalhar.
"Há dois dias Ledezma e eu estivemos juntos inaugurando uma linha de transporte escolar", disse à Folha o opositor David Smolansky, prefeito de El Hatillo.
Segundo Smolansky, Ledezma não demonstrava ter medo de uma ação por parte do governo.
Ledezma já foi governador, senador e deputado. Ele entrou na política como membro do partido Ação Democrática, formação que, ao lado do Copei, dominou o sistema de governo nas quatro décadas pré-Chávez.
O sistema, chamado de pacto de Punto Fijo (ponto fixo), determinava que os dois partidos aceitavam se revezar no poder e dividir cargos. Em 1998, o modelo era amplamente visto como desgastado, ineficiente e corrupto, o que permitiu a eleição de Hugo Chávez. (SA)