Unasul se reúne dividida por sanções dos EUA à Venezuela
Parte dos países, entre eles Brasil, quer evitar manifestação contra Washington
Reunião discutirá papel no apoio às eleições na Venezuela, mas membros da Alba devem insistir sobre sanções
Os chanceleres da Unasul se reunirão no próximo sábado (14) em Quito, no Equador, divididos sobre um possível posicionamento contra as sanções aplicadas pelos Estados Unidos contra a Venezuela.
A ideia central do encontro é discutir a atuação da Unasul para ajudar a garantir a realização de eleições legislativas livres no país no segundo semestre.
Contudo, países que também fazem parte da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América), como Bolívia e Equador, devem insistir em que o bloco se posicione contra as sanções anunciadas por Washington na última segunda-feira (9).
A Bolívia havia convocado uma reunião do bloco para esta quinta-feira (12), mas ela foi adiada justamente por não haver interesse por parte de membros como Brasil, Colômbia, Uruguai, Paraguai, Peru e Chile --que mantêm boas relações com Washington-- em aumentar ainda mais a tensão com um pronunciamento contra os EUA.
Na terça (10), a Alba condenou o decreto de Obama: "Quando mexem com um de nós, mexem com todos". Isoladamente, o Equador considerou a medida um "ataque inaceitável", e a Bolívia alertou para o risco de uma "invasão americana".
Segundo a Folha apurou, o Brasil defende que o tema das sanções seja discutido em outra reunião, se houver um quórum elevado para debater a questão e na qual seja considerada a pluralidade de opiniões dos seus membros.
Na reunião em Quito, os ministros Mauro Vieira (Brasil), María Ángela Holguín (Colômbia) e Ricardo Patiño (Equador) farão um relato aos demais chanceleres sobre a visita realizada pelo grupo a Caracas na última sexta (6).
O bloco se comprometeu a enviar uma missão de acompanhamento do processo eleitoral desde seus "estágios iniciais" --o que demonstra a preocupação da Unasul com um eventual adiamento do pleito pelo governo de Nicolás Maduro.
O presidente venezuelano pediu, nesta semana, ao Parlamento que aprove uma Lei Habilitante, que lhe permitirá governar por decreto por seis meses. O texto deve ser aprovado no domingo (15).