Em eleição tensa, partidos rivais se acusam de fraude na Nigéria
Pleito ocorre em meio a falhas técnicas e ataques do Boko Haram
Na mais tensa eleição na Nigéria desde o fim do regime militar no país, em 1999, a principal sigla de oposição e o partido do governo trocaram acusações de fraude, em meio a problemas técnicos e ataques dos extremistas do grupo islâmico Boko Haram.
No Estado de Rivers, um dos principais produtores de petróleo do país, o Congresso de Todos os Progressistas (APC, na sigla em inglês), do ex-ditador Muhammadu Buhari, disse que milícias armadas ligadas à legenda do presidente Goodluck Jonathan atacaram oposicionistas.
Ligado ao APC, o governador do Estado de Imo, Rochas Okorocha, acusou o Exército de interferir na votação.
Por sua vez, o PDP (Partido Democrático do Povo), de Jonathan --que disputa a reeleição e tem Buhari como principal rival--, afirmou que o APC tentou fraudar a votação usando menores de idade.
O presidente da comissão eleitoral nigeriana disse que investigará as acusações em Rivers, onde houve também relatos sobre fiscais da oposição impedidos de acompanhar a contagem dos votos.
COMPARECIMENTO
Até o final da noite de domingo (29), os resultados não haviam começado a ser divulgados. Com população de 177 milhões, a Nigéria tem 56,7 milhões de eleitores registrados; estima-se que o comparecimento às urnas tenha sido alto, apesar dos problemas técnicos e da violência.
A votação, que deveria ter sido realizada só no sábado, se estendeu pelo domingo devido a uma série de problemas com as máquinas de identificação biométrica --elas dificultaram o voto do presidente Jonathan e provocaram grandes filas no país.
Desde sábado, pelo menos 41 pessoas foram mortas pelo Boko Haram, que atua principalmente no nordeste da Nigéria. Apesar disso, o pleito foi considerado pacífico para os padrões nigerianos: na eleição anterior, em 2011, 800 pessoas morreram.
Jonathan e Buhari pediram calma aos seus eleitores e assinaram um "acordo de paz" prévio à votação, mas há temores de que a violência pós-eleição de 2011 se repita.