Quênia diz ter destruído 2 bases de milícia Al Shabaab na Somália
Ação é resposta a massacre em universidade que matou 148; facção islâmica nega ter sido atingida
Presidente queniano havia prometido agir da forma 'mais severa' contra radicais; famílias ainda identificam corpos
Em resposta ao massacre numa universidade queniana que deixou 148 mortos na última quinta-feira (2), a Força Aérea do Quênia anunciou nesta segunda (6) ter bombardeado duas bases da facção radical islâmica Al Shabaab no sul da Somália.
Segundo os militares, os aviões quenianos destruíram, no domingo (5), campos usados pela milícia para guardar armamento e prestar apoio logístico em duas vilas da região administrativa de Gedo, no sul da Somália, próximo à fronteira entre os dois países.
O presidente queniano, Uhuru Kenyatta, havia prometido responder da forma "mais severa" ao ataque dos extremistas à Universidade de Garissa, localizada a 200 km da fronteira com a Somália, onde os principais alvos foram estudantes cristãos.
"Nossas imagens aéreas mostram que os acampamentos foram completamente destruídos", disse o porta-voz das Forças de Defesa do Quênia, David Obonyo.
Ele, contudo, afirmou que as nuvens no local dificultam fazer uma estimativa do número de mortos.
O Al Shabaab negou que seus acampamentos tenham sido atingidos, afirmando que as bombas caíram em terras agrícolas. "O Quênia não atacou nenhum alvo em nenhuma de nossas bases", disse o porta-voz militar do Al Shabaab, xeque Abdiasis Abu Musab, à Reuters.
Como o acesso à região rural de Gedo é difícil, não há confirmação, feita de forma independente, dos ataques.
No domingo, o Ministério do Interior do país informou que um dos quatro autores do atentado mortos na ação em Garissa era Abdirahim Abdullahi, filho de um político da cidade de Mandera, também perto da fronteira. A descoberta evidenciou o alcance dos extremistas no recrutamento de jovens.
Na segunda (6), dezenas de familiares ainda tentavam identificar os corpos das vítimas do atentado no necrotério de Nairóbi.
Segundo Obonyo, o bombardeio de domingo fez parte dos esforços para impedir que combatentes desses acampamentos cometam mais ataques no Quênia.
A facção somali já matou mais de 400 pessoas no país vizinho nos últimos dois anos, incluindo 67 durante um cerco ao shopping Westgate, na capital Nairóbi, em 2013.
O atentado da última semana foi, segundo os radicais, uma resposta à participação do Quênia na missão da União Africana, apoiada pelas Nações Unidas, para combater a milícia.
O país tem procurado, nos últimos meses, deter o fluxo de militantes e armas ao longo dos 700 quilômetros de sua fronteira com a Somália.
Uma fonte do governo queniano disse à Reuters que governadores, parlamentares e agentes de segurança vão compilar, numa lista, quenianos suspeitos de se unir ao Al Shabaab. A ação foi discutida com o presidente na segunda.