Júri condena autor de atentado em Boston
Dzhokhar Tsarnaev é considerado culpado por ataque em maratona, há dois anos, que matou 3 e feriu 264 pessoas
Sentença sai semana que vem, e réu pode receber pena de morte por pior ação terrorista nos EUA desde 2001
Um júri de Boston (EUA) declarou nesta quarta-feira (8) Dzhokhar Tsarnaev, 21, culpado pelos atentados da maratona de Boston, em abril de 2013, que mataram três pessoas e deixaram outras 264 feridas.
Ele pode ser condenado à morte --a punição deve ser decidida pelo mesmo júri na semana que vem. O rapaz de origem tchetchena, há 12 anos nos EUA, foi considerado culpado nas 30 acusações que sofria.
Dzhokhar e o irmão Tamerlan colocaram duas panelas de pressão cheias de explosivos e pregos perto do local de chegada da maratona, uma das mais tradicionais dos EUA, onde 35 mil pessoas corriam e dezenas de milhares assistiam. Foi o maior atentado terrorista em solo americano desde os ataques de 11 de setembro de 2001.
As vítimas foram a universitária chinesa Lingzi Lu, 23, a gerente de restaurante Krystle Campbell, 29, e o menino Martin Richard, 8. Durante a fuga dos dois irmãos, eles ainda mataram o policial Sean Collier, 27.
Tamerlan, 26, foi morto durante a perseguição pela polícia em um subúrbio de Boston. Dzhokhar estava gravemente ferido ao ser detido.
Segundo a defesa, o irmão mais velho de Dzhokhar foi influenciado por grupos radicais islâmicos após uma visita à família na república russa do Daguestão, em 2011.
Foram encontradas nos explosivos impressões digitais de Tamerlan, mas não de Dzhokhar.
Relatórios da atividade dos dois na internet mostram que o mais jovem estava estudando na Universidade de Massachusetts-Dartmouth e navegando no Facebook na véspera do atentado, enquanto Tamerlan fez buscas sobre explosões e detonadores.
No barco onde se escondia e foi capturado, Dzhokhar escreveu uma mensagem em que dizia "invejar o irmão por ter recebido o prêmio antes de mim" e que "o governo americano está matando nossos civis inocentes, e nós, muçulmanos, somos um só corpo, feriu um, feriu todos".
Ele também afirmava que "o islã proíbe a morte de inocentes, mas nesta situação é permitido".
Para evitar a pena de morte de Dzhokhar, sua advogada de defesa, Judy Clarke, argumentou que ele, então com 19 anos, agiu sob influência de seu irmão mais velho.
"Se não fosse por Tamerlan, o atentado não teria acontecido", disse Clarke.
Ela é uma das mais reconhecidas advogadas de defesa contra pena de morte, tendo evitado a pena capital em casos como o do terrorista doméstico Ted Kaczynski (conhecido como "Unabomber") --responsável por ataques a bomba entre 1978 e 1995, com três mortos-- e de Susan Smith, que afogou seus dois filhos em um lago em 1994.
A oposição à pena de morte é forte em Massachusetts, Estado onde fica a cidade de Boston. Lá, a punição é proibida desde 1984.
Pesquisas mostram que a maioria da população do Estado é contrária à execução de Tsarnaev. Mas o julgamento segue leis federais, não as do Estado.
TESTEMUNHAS
Quatro testemunhas indicadas pela defesa falaram por cinco horas, e 92 testemunhas convocadas pelo governo foram ouvidas por 15 dias.
O pai de Martin Richard relatou como teve que se decidir no meio do caos entre acudir seu filho, então com 8 anos, que morreu na hora, e sua filha de 6, que perdeu a perna na explosão.
O júri é formado por oito homens e dez mulheres, todos brancos.
Câmeras de televisão não foram autorizadas durante o julgamento.