Investimento do Brasil é modelo, diz Cuba
Em reunião paralela à Cúpula das Américas, cubano diz que regime já reconhece a importância de recursos estrangeiros
Porto de Mariel, que recebeu financiamento brasileiro, foi usado como exemplo de parceria de sucesso
Enquanto uma brochura colorida de 180 páginas mostrando as vantagens de investir em Cuba era distribuída ao público, o ministro de Comércio Exterior da ilha, Rodrigo Malmierca Díaz, convidava empresários a visitar e aplicar recursos no país.
E citava o porto de Mariel, construído pela brasileira Odebrecht com financiamento do BNDES, como exemplo.
"Estamos numa nova etapa e ampliamos nossa visão sobre o papel do investimento estrangeiro", disse o ministro, na cúpula empresarial organizada pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) que ocorre paralela à Cúpula das Américas, na Cidade do Panamá.
"Hoje reconhecemos que é um elemento ativo e fundamental para o crescimento."
A retórica pró-mercado da ilha, ainda nominalmente comunista, tem se intensificado desde o anúncio de reaproximação diplomática com os EUA, em dezembro.
Além de Mariel, Malmierca Díaz mencionou como exemplos positivos de participação de outros países em obras de infraestrutura na ilha a refinaria de petróleo de Cienfuegos, parceria com a Venezuela.
"Criamos a zona de desenvolvimento de Mariel ao redor do porto, com uma localização geográfica excelente, perto do aeroporto, de universidades e numa região estratégica no Caribe."
Ele apresentou um estudo de 246 projetos em diversos setores (agricultura, indústria farmacêutica, turismo e energia, entre outros) que estão abertos ao investimento.
"Oferecemos potencial científico, mão de obra, infraestrutura e excelente localização."
Disse que Cuba tem recebido delegações de empresários norte-americanos e que o país tem "vontade de continuar colaborando para a normalização das relações com os EUA".
O ministro acrescentou que a ilha pretende deixar para trás "muitas proibições absurdas, como a limitação do direito de viagem a nosso país de norte-americanos".
Com relação ao embargo, Malmierca Díaz disse que, ainda que Washington tenha "reconhecido o fracasso de sua política de guerra econômica contra Cuba" e que tenha se comprometido a discutir com o Congresso dos EUA sua eliminação, o bloqueio persiste.
"Esperamos que Obama continue usando suas prerrogativas executivas para modificar outros aspectos do bloqueio que não requerem aprovação do Congresso", disse.
Mais cedo, o criador do Facebook, Mark Zuckerberg, apresentou o projeto de expansão do "Internet.org", já implementado em países como Índia, Guatemala e Panamá.
Ao ser perguntado sobre a possibilidade de atuar em Cuba, Zuckerberg reconheceu que "há alguns países em que temos dificuldades porque não há uma política econômica aberta".