Discurso de Maduro gera crise com Espanha
Madri convoca embaixador venezuelano após presidente chamar premiê Rajoy de racista
O Ministério das Relações Exteriores da Espanha convocou nesta quarta-feira (15) o embaixador da Venezuela em Madri, Mario Ricardo Isea, após o governo considerar "intoleráveis" as declarações do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, contra o premiê Mariano Rajoy.
Maduro chamou Rajoy de racista e o acusou de estar por trás de "todas as manobras contra a Venezuela", em referência à resolução aprovada no Congresso espanhol a favor da libertação de opositores venezuelanos presos.
O embaixador Isea permaneceu na chancelaria espanhola por cerca de dez minutos e saiu sem dar declarações à imprensa.
Em retaliação, a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, anunciou uma "revisão exaustiva" das relações com Madri, após também convocar o embaixador espanhol em Caracas, Antonio Pérez-Hernández y Torra.
O Congresso espanhol pediu a libertação "imediata" do líder opositor venezuelano Leopoldo López, do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, e de outros políticos do país presos pelo governo Maduro.
A resolução, formulada pelas duas principais legendas da Espanha, o governista PP (Partido Popular) e o PSOE (Partido Socialista), pede que o governo espanhol tome todas as medidas necessárias perante as autoridades venezuelanas e a comunidade internacional para conseguir a libertação dos opositores.
As relações entre Espanha e Venezuela se desgastaram no fim de outubro do ano passado, quando o premiê Rajoy --em sua condição de líder do PP-- recebeu a venezuelana Lilian Tintori, mulher de Leopoldo López.
O opositor está preso por sua suposta responsabilidade em atos de violência durante as manifestações antigovernamentais do início de 2014, com 43 mortos.
O encontro provocou mal-estar, e Maduro chamou seu embaixador em Madri para consultas. Isea só retornou para a Espanha em fevereiro deste ano.