Brasil se 'solidariza' com tragédia, mas não utiliza o termo polêmico
Apenas 23 países, além de instituições como o Parlamento Europeu, reconhecem oficialmente a ocorrência do genocídio armênio. Nesta sexta (24), a Alemanha promete se juntar a eles.
O Brasil não está no grupo. Consultado pela Folha, o Itamaraty disse, em nota, que "o governo brasileiro se solidariza com a dolorosa tragédia dos armênios em 1915, no contexto do devastador morticínio que foi a Primeira Guerra Mundial".
"O Brasil favorece a busca do diálogo entre Armênia e Turquia, com vistas à resolução de questões históricas e à melhora das relações entre os dois países", diz o comunicado do Ministério de Relações Exteriores.
Apenas algumas Assembleias Legislativas, como as de São Paulo, Ceará e Paraná, reconhecem o genocídio.
Os EUA também não usam o termo, embora os comitês de Assuntos Exteriores de Câmara e Senado já tenham passado resoluções aceitando-o.
O presidente Barack Obama, durante sua campanha, em 2008, usou o termo "genocídio", mas recuou ao chegar à Casa Branca.
A razão tem a ver com geopolítica: a Turquia ocupa posição estratégica como uma ponte entre a Europa e o Oriente Médio e tem grande influência sobre o mundo islâmico.
Além disso, tem o segundo maior Exército da Otan, a aliança militar ocidental.
Em alguns países, a negação do genocídio armênio é criminalizada, caso da Grécia, rival histórica da Turquia.
O Parlamento francês chegou a aprovar uma resolução semelhante em 2012, mas a medida foi derrubada pela Corte Constitucional do país, sob o argumento de que ela feria o direito à liberdade de expressão.