Brasileiros dizem viver 'operação de guerra' após terremoto no Nepal
Um grupo de 20 brasileiros foi surpreendido pelo tremor no Nepal. Eles voltavam de trilha no monte Annapurna.
"Sentimos o terremoto e vimos deslizamentos ao redor", disse Ana Wanke, 45, líder do grupo. Ninguém se feriu.
De volta ao hotel, os brasileiros encontraram o local com paredes desabadas e foram para outra pousada.
"Não estávamos nos sentindo seguros. Agora estamos nos quartos, preparados para uma retirada a qualquer momento. Temos nosso passaporte, dinheiro e lanternas junto ao corpo. Operação de guerra mesmo", conta.
ALPINISTA
O brasileiro Rosier Alexandre, 46, estava no meio de sua segunda tentativa de escalada do Everest quando ocorreu a avalanche. No ano passado, ele saiu sem ferimentos do deslizamento que matou 16 guias nepaleses no monte.
O alpinista conseguiu ligar para sua mulher, Danúbia, para dizer que passa bem.
Danúbia disse à Folha que ele estava no campo dois, a 6.400 m de altura. "Ele disse que, como tinha muitas avalanches, não sabia como seria resgatado."
O filho de Rosier, Davi Saraiva, 22, também está na região. No momento do terremoto, porém, Saraiva estava no campo base, a 5.350 m. Ele disse à mãe que já está descendo a montanha.
SUSTO NA CHEGADA
Quatro brasileiros passavam pela imigração no aeroporto internacional de Katmandu na hora do tremor.
José Rubens França, 70, e Marília França, 55, estão no país com o filho Marcelo, 27, e sua namorada, Rafaela Castilho, 26, a turismo.
Quando o tremor começou, os quatro correram para uma das pistas de pouso por ser uma área aberta, com menos risco de desabamentos.
O pai de Rafaela, Diogo Castilho, contou à Folha que soube do terremoto através de uma mensagem na caixa postal deixada pela filha.
"Ela disse para eu não me preocupar, porque estava tudo bem", diz Castilho, que conseguiu mais tarde telefonar para a filha. "Ela estava muito assustada, mas felizmente estão todos bem."
Já os pais da brasileira Mariana Malaguti Uchôa, 26, ainda aguardam informações sobre seu paradeiro. Ela viaja pelo continente asiático desde o início do ano e o último contato com a família foi na quarta passada (22).
"Fomos pegos de surpresa [pelo tremor]. Nós queremos ouvir apenas se está tudo bem. Estamos apreensivos, claro, mas com pensamento positivo", diz seu pai, Paulo Uchôa.