Tremor causa avalanche e mortes no Everest
Deslizamento de neve mata pelo menos 17 pessoas e soterra parte de acampamento no pico mais alto do mundo
Governo estima que há ao menos mil alpinistas na região; grupo de brasileiros seguia para o acampamento base
O forte terremoto no Nepal desencadeou uma avalanche no monte Everest, o mais alto do mundo, neste sábado (25), causando a morte de pelo menos 17 pessoas durante a temporada de escalada.
Segundo a Associação de Montanhismo do Nepal, outras 61 pessoas ficaram feridas. As buscas na região foram retomadas na manhã de domingo (noite de sábado no Brasil) e o número de mortos pode aumentar.
Uma das vítimas da avalanche foi identificada como o engenheiro do Google Dan Fredinburg, que planejava levar o serviço de Street View da empresa para os picos mais altos do mundo.
A avalanche ocorreu na região da acidentada geleira de Khumbu e soterrou parte do acampamento base, de onde sai a maioria das expedições.
Gyanendra Shrestha, do Ministério do Turismo do Nepal, disse que duas tendas no acampamento estão abrigando os feridos. "O número [de mortos] pode subir e incluir estrangeiros e guias."
Funcionários do Ministério do Turismo nepalês estimam que ao menos mil alpinistas, incluindo cerca de 400 estrangeiros, estavam na região quando houve o abalo.
Um grupo de oito brasileiros estava a caminho do acampamento base do Everest quando houve a avalanche. Liderados pelo guia João Ricardo Marincek, da empresa Venturas, eles devem seguir até o vale do Gokyo, próximo ao destino final, e avaliar o próximo passo.
Giancarlo Valias, sócio da empresa, disse que não conseguiu contato com o grupo, mas que o local é normalmente de difícil comunicação. "Nessa região o risco de avalanche é pequeno", disse.
Outro grupo, com 20 brasileiros, voltava de uma trilha no campo base do monte Annapurna. Ninguém ficou ferido (leia mais ao lado).
Abril é um dos meses mais populares de escalada no Everest, com pico de 8.848 metros. Há um ano, uma avalanche matou 16 guias nepaleses na maior tragédia da montanha.
CENÁRIO CAÓTICO
Alpinistas descreveram um cenário caótico de atendimento aos feridos e medo de outros deslizamentos.
O dinamarquês Carsten Lillelund Pedersen, que estava próximo ao acampamento base, a 5.364 m metros de altitude, disse ser difícil que não haja mais mortos.
"Estamos recebendo os feridos. O caso mais grave é de uma vítima com várias fraturas. Ela foi surpreendida com a avalanche e quebrou as duas pernas", publicou em seu perfil no Facebook.
O alpinista romeno Alex Gavan tuitou que foi uma "grande avalanche" e que "muita, muita gente" estava na montanha.
Outro alpinista, Daniel Mazur, disse que o acampamento base foi "severamente danificado" e sua equipe ficou presa na neve.
Mohan Krishna Sapkota, secretário-adjunto do Ministério do Turismo nepalês, disse que o governo está tendo dificuldades em avaliar os danos por causa das falhas no sistema de telefonia.
"Os alpinistas estão espalhados por toda a região do acampamento e alguns estavam ainda acima deste ponto", disse Sapkota. "É quase impossível entrar em contato com alguém."