ONU questiona Caracas por atribuir problemas a 'guerra econômica'
Comitê de direitos humanos pediu a governo venezuelano que explicasse suposto conflito
Vice de Maduro não quis citar países, mas vê manobra para derrubar preço do óleo, maior fonte de renda do país
O Comitê da ONU sobre Direitos Humanos, Sociais e Culturais contestou o governo da Venezuela por atribuir todos os graves problemas internos do país a uma suposta "guerra econômica".
O questionamento ocorreu nesta quarta-feira (3), na sede do comitê, em Genebra, durante revisão à qual países membros da ONU são submetidos a cada cinco anos.
"Quando há avanços, se devem à revolução [iniciada pelo então presidente esquerdista Hugo Chávez em 1999], mas quando há problemas vocês culpam [uma] guerra econômica", disse um dos membros do comitê. Outros integrantes cobraram de Caracas que explicasse em que consiste o suposto conflito.
O chefe da comitiva venezuelana, Ricardo Menéndez, que é vice-presidente e ministro do Planejamento, absteve-se de citar nominalmente países ou indivíduos, segundo a agência Efe.
Ele argumentou, porém, que a "guerra econômica" se reflete nas manobras geopolíticas para derrubar o preço do petróleo, maior fonte de arrecadação da Venezuela.
A Venezuela acusa seus adversários de querer minar o socialismo.
Menéndez insistiu em que o presidente Nicolás Maduro manteve altos investimentos em programas sociais, apesar da adversidade.
Mas economistas atribuem a crise na Venezuela a políticas que incluem controle de câmbio e de preços e ataques a empresas privadas, entre outros.
A maioria dos venezuelanos sofre com falta de produtos básicos, como alimentos e remédios, e com uma inflação de quase três dígitos.
O comitê também questionou Caracas pelas carências no sistema de saúde, pela falta de reação diante dos altos índices de gravidez adolescente e pela falta de independência do Judiciário.
DIREITOS HUMANOS
Paralelamente, o Alto Comissariado para Direitos Humanos da ONU cobrou da Venezuela que garanta assistência médica a opositores presos em greve de fome pelo fato de o governo não ter anunciado até agora a data da eleição parlamentar deste ano.
O órgão exigiu que o país respeite a liberdade política e de imprensa.