Itamaraty lamenta ação diplomática da Turquia
País convocou seu embaixador após Senado apontar genocídio armênio
Moção cita massacre de mais de 1 milhão por Império Turco-Otomano na 1ª Guerra; texto não é apoiado pelo Planalto
O Itamaraty lamentou nesta terça (9) a decisão da Turquia de chamar seu embaixador no Brasil de volta a Ancara. A medida turca foi um protesto contra o reconhecimento do genocídio armênio pelo Senado, no último dia 2.
Em comunicado inusualmente longo e detalhado, a Chancelaria brasileira explica em cinco parágrafos como tentou resolver o impasse.
E critica a Turquia por acusar a Câmara Alta do Legislativo brasileiro de "distorcer a realidade". A moção foi apresentada no dia 26 de maio pelos senadores José Serra e Aloysio Nunes Ferreira, ambos do PSDB de São Paulo.
"O Senado agiu dentro de suas prerrogativas constitucionais e em consonância com o princípio da independência de Poderes consagrada pela Constituição brasileira", diz a nota do Itamaraty.
O Ministério das Relações Exteriores afirma que o secretário-geral do Itamaraty, embaixador Sergio Danese, recebeu o embaixador turco, Hüseyin Diriöz, e o representante armênio, Ashot Galoyan, para explicar a moção.
O Itamaraty diz ainda que, na ocasião, foi reiterada a posição oficial brasileira de não reconhecer como genocídio o massacre que completou cem anos em 24 de abril.
Tradicionalmente, a Turquia demonstra seu repúdio aos Estados e entidades que qualificam de genocídio o assassinato de mais de 1 milhão de armênios pelo Império Turco-Otomano durante a Primeira Guerra (1914-1918).
Para os turcos, a morte em série de armênios foi uma batalha dentro da guerra, que não teve componentes sectários nem sistemáticos para ser qualificada como um genocídio (caso, por exemplo, do Holocausto).
Entre os países que qualificam o massacre como genocídio estão Alemanha, Argentina, França, Itália, Rússia, Uruguai e Venezuela.