Carolina do Sul derruba bandeira confederada
Após chacina de fiéis negros, Estado americano retirará do Legislativo ícone escravagista
A Câmara dos Representantes (deputados) da Carolina do Sul aprovou nesta quinta (9) a retirada da bandeira da Confederação sulista (1861-65), símbolo da era escravagista nos EUA, dos jardins do Legislativo local.
Após debate de 13 horas na casa, seguido pela votação, a governadora do Estado, Nikki Haley, sancionou a lei. A remoção da bandeira, que será enviada a um museu local de história, foi marcada para a manhã desta sexta (10).
"É um novo dia na Carolina do Sul, um dia de que todos podemos nos orgulhar, um dia que realmente nos une enquanto continuamos a nos curar, como um só povo", disse Haley, republicana ligada ao movimento ultraconservador Tea Party.
Poucas horas após a aprovação da lei, líderes republicanos na Câmara federal, em Washington, cancelaram a votação de uma emenda para assegurar o uso da mesma bandeira em cemitérios administrados pelo Serviço Nacional de Parques.
"Essa lei ficará em suspenso até que consigamos alguma resolução", disse o presidente da Câmara, o republicano John Boehner, pedindo um debate bipartidário.
Na véspera, os democratas receberam aval da oposição para propor emenda proibindo a venda da bandeira em lojas de souvenir e sua exposição em espaços federais.
Em troca, haviam aceitado apreciar um texto defendido por republicanos do Sul mantendo o uso do símbolo, considerado por muitos sulistas parte de sua identidade cultural, em cemitérios de veteranos de guerra.
A aprovação na Carolina do Sul trouxe comoção entre legisladores e cidadãos. Após o fim da sessão, com abraços e lágrimas, muitos tiraram selfies com a bandeira.
O debate sobre a bandeira confederada foi retomado depois que nove fiéis negros, incluindo o senador estadual e pastor Clementa Pinckney, foram mortos em uma igreja histórica de Charleston em 17 de junho. Segundo a polícia, a motivação do atirador, branco, foi o ódio racial.
Dias depois, surgiram fotos mostrando o suspeito com a bandeira controversa.
Após a Guerra Civil, em que o Sul escravocrata se rebelou contra os Estados do norte dos EUA, a bandeira voltou a ser hasteada pelo legislativo da Carolina do Sul em 1961 para celebrar o centésimo aniversário da guerra. Permaneceu lá em protesto contra o movimento civil e em 2000 foi levada para os jardins.