Líder sérvio é atacado a pedradas na Bósnia
Premiê foi à cerimônia dos 20 anos do massacre de Srebrenica, em que sérvio-bósnios mataram 8.000 muçulmanos
Aleksandar Vucic foi atingido no rosto; ele minimizou agressão e disse manter o esforço pela reconciliação
O premiê da Sérvia, Aleksandar Vucic, foi atingido por pedras, garrafas d'água e outros objetos e obrigado a deixar às pressas a cerimônia que rememorava os 20 anos do massacre de Srebrenica, na Bósnia, neste sábado (11).
Em 1995, durante a Guerra da Bósnia (1992-95), 8.000 homens e meninos muçulmanos foram mortos por tropas nacionalistas sérvio-bósnias.
Vucic, que foi a Srebrenica para o evento, acabara de depositar flores diante do monumento com os nomes das mais de 6.200 vítimas enterradas no memorial quando a multidão presente começou a gritar "Allah Akbar" (Deus é grande), vaiar e atirar pedras.
Sob proteção de guarda-costas, o premiê sérvio conseguiu deixar o local enquanto os organizadores do evento pediam calma. Vucic disse ter sido atingido por uma pedra no lábio inferior.
O governo sérvio classificou a agressão de tentativa de assassinato, mas o próprio premiê minimizou o ataque e disse que seguirá com a "mão estendida" para os esforços de reconciliação.
Em comunicado, a Presidência da Bósnia lamentou o ocorrido e pediu que os agressores sejam rapidamente identificados.
Embora o primeiro-ministro da Sérvia tenha participado da cerimônia em um aparente gesto de reconciliação, era possível ver entre os presentes faixas com dizeres como "para cada sérvio morto, mataremos cem 'bosniaks' [muçulmanos da Bósnia]".
Além disso, sérvios e sérvios-bósnios negam que o massacre tenha sido um genocídio --foi classificado assim por duas cortes da ONU, mas a Rússia, apoiada pela Sérvia, vetou uma resolução do Conselho de Segurança que reconhecia o genocídio.
O chanceler sérvio, Ivica Dacic, declarou que o incidente foi um ataque a seu país. "Essa foi outra consequência negativa de politizar o assunto, o que trouxe novas divisões e ódios em vez de reconciliação."
A cerimônia em Potocari, subúrbio de Srebrenica onde se localiza o cemitério, reuniu dezenas de milhares de pessoas, incluindo o ex-presidente dos EUA Bill Clinton e o premiê turco, Ahmet Davutoglu.