Prédio de jornalista crítico de Cristina é alvo de pedradas
Para Jorge Lanata, ataque tem relação com denúncia contra chefe de gabinete da Presidência argentina
Cabine policial ao lado do edifício também foi apedrejada, e cápsulas de bala foram achadas no chão perto da portaria
O edifício onde mora o jornalista argentino Jorge Lanata, que vem denunciando casos de corrupção do governo de Cristina Kirchner, foi apedrejado na noite desta segunda-feira (3).
O jornalista denunciou que também foram encontradas cápsulas de bala de um revólver calibre 38 na frente da portaria do seu edifício, no bairro do Retiro, em Buenos Aires.
Ele suspeita que as agressões tenham relação com o caso que noticiou na TV no domingo (2), quando apresentou denúncias contra o chefe de gabinete da Presidência, Aníbal Fernández.
Entrevistados de Lanata no programa "Periodismo para Todos" acusaram Fernández de ser o mandante de um triplo homicídio ocorrido há sete anos e de dar proteção a traficantes de efedrina em troca de propina.
Fernández concorre ao governo da província de Buenos Aires na eleição de outubro e lidera as pesquisas.
Em entrevista ao canal TN, Lanata afirmou que foram três os episódios de agressão em menos de 12 horas.
O primeiro ocorreu por volta das 18h de segunda (3), quando pedras foram atiradas contra a portaria do seu edifício. Mais tarde, segundo o jornalista, uma cabine da polícia que fica ao lado de seu prédio também foi apedrejada. Nesta terça (4), apareceram as cápsulas de bala em frente à sua portaria. Não há informações de disparos de revólver.
"Pensei que os dois primeiros episódios pudessem ser coincidência. Mas a esta altura [após a descoberta das cápsulas], me pareceu ser coincidência demais", disse o jornalista.
A Adepa (associação de entidades jornalísticas da Argentina) divulgou nota em que "reitera o apelo aos governantes e lideranças, em todos os níveis, a não pôr em risco a convivência democrática no meio da campanha eleitoral".
Fernández voltou a negar as acusações. Disse que são "100% mentira" e atribuiu a origem das denúncias ao companheiro de partido Julián Domínguez.
Os dois disputam, na primária do próximo domingo (9), a vaga de candidato a governador de seu partido na disputa eleitoral.
Candidato à Presidência pela Frente para a Vitória, mesmo partido de Fernández, Daniel Scioli decidiu se afastar da polêmica e não participou dos atos de campanha dos dois candidatos.
Sobre os supostos ataques, disse que "há uma combinação de movimentos políticos e midiáticos que não conseguiram ficar de pé. Como nada do que tentaram deu certo, e erraram todas as previsões [pessimistas], agora tentam distrair a atenção em outras questões".