Dissidentes não deverão ir a evento com Kerry em Cuba
Secretário de Estado dos EUA estará em Havana nesta sexta para oficializar reabertura da embaixada no país
Opositores cubanos não serão convidados para não minar retomada das relações entre EUA e a ilha, afirma agência
O governo dos EUA não planeja convidar dissidentes cubanos para a visita do secretário de Estado, John Kerry, a Havana, segundo a agência Associated Press.
A viagem de Kerry, nesta sexta (14), selará a reabertura da embaixada americana em Cuba, oficialmente funcionando desde 20 de julho.
A medida foi um dos marcos da retomada das relações entre os dois países.
Segundo membros do governo americano, Kerry deve se reunir com os ativistas na casa do chefe da missão dos EUA em Havana. O encontro deverá acontecer à tarde, após o evento na embaixada.
Integrantes do governo dos EUA informaram que se evitou convidar os dissidentes para não prejudicar a retomada das relações com o regime do ditador Raúl Castro.
Por outro lado, interpretam que, se Kerry deixasse a capital cubana sem se reunir com a oposição, poderia dificultar a relação com os dissidentes e provocar irritação nos EUA.
Esta será a primeira visita de um secretário de Estado americano a Cuba desde 1945.
Em 20 de julho, Kerry recebeu o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, em Washington, horas depois da inauguração da embaixada da ilha.
Esse encontro deve se repetir em Havana. Ainda não se sabe, porém, se Kerry se encontrará com Raúl Castro.
SEM CONVITE
Os dissidentes disseram não ter sido convidados. "Não será uma surpresa se os diplomatas americanos priorizarem os contatos com o governo cubano", disse Elizardo Sánchez, líder da Comissão Cubana de Direitos Humanos.
O marido da blogueira Yoani Sánchez, Reinaldo Escobar, disse que ela também não foi chamada. Para o chefe do projeto Estado de SATS, Antonio Rodiles, eles deveriam ter sido convidados e ouvidos pelos americanos.
Se confirmada, a ausência dos dissidentes no evento irritará os republicanos, contrários a qualquer relação com os Castros. Dois dos presidenciáveis do partido, Ted Cruz e Marco Rubio, são descendentes de cubanos.
Rubio disse que os dissidentes deveriam ser convidados. "Eles, e não os Castro, são os legítimos representantes do povo cubano", disse o senador pela Flórida.
O não convite também seria mais uma demonstração da cautela de Barack Obama para evitar que um de seus legados na política externa americana fracassasse.
POESIA
O escritor americano de origem cubana Richard Blanco, 47, que recitou um poema na cerimônia de posse do segundo mandato de Barack Obama, fará o mesmo no evento em Havana.
Por meio de nota, seu agente em Miami informou que Blanco lerá um poema que escreveu para a ocasião.
"[O poema] evoca as histórias das pessoas de ambos os lados do estreito da Flórida, separados por 150 km de mar, mas conectados por nexos emocionais complexos", diz o comunicado.