Acordo entre Coreias encerra impasse
Com declaração de arrependimento do regime de Kim-Jong-un, Seul desliga alto-falantes em zona de fronteira
Escaramuças tiveram início após mina ferir dois soldados sul-coreanos em região desmilitarizada
Após mais de 30 horas de negociações, as Coreias do Sul e do Norte chegaram a um acordo nesta terça-feira (dia 25, no horário local) para pôr fim a um impasse que ameaçava a segurança regional.
Com a declaração de que o governo norte-coreano se arrepende pela explosão de uma mina que feriu dois soldados de Seul na fronteira, o Sul concordou em interromper transmissões via alto-falantes contra o regime de Pyongyang.
O novo acirramento de tensões entre os países, tecnicamente em guerra, começou no início deste mês, quando a explosão de uma mina terrestre na zona desmilitarizada entre as duas Coreias feriu dois soldados do Sul.
Como retaliação, Seul reativou alto-falantes na divisa com mensagens anti-Pyongyang –prática que estava suspensa desde 2004.
Segundo o site NK News, os megafones passaram a transmitir a rádio A Voz da Liberdade, cuja programação inclui desde entrevistas com dissidentes do Norte e análises críticas do jornal oficial de Pyongyang até dicas para lidar com problemas cotidianos (como o calor) e músicas pop sul-coreanas.
Em meio à troca de declarações cada vez mais agressivas, a tensão atingiu seu ápice na quinta (20), quando a Coreia do Norte disparou foguetes em direção ao Sul, que em resposta acionou sua artilharia de defesa antiaérea.
Então, Kim-Jong-un fez um ultimato, ameaçando reiniciar uma guerra caso Seul não desligasse seus alto-falantes até sábado (22). Neste mesmo dia, porém, as duas partes se reuniram na cidade fronteiriça de Panmunjom para dialogar –o que não impediu que ambos os países fortalecessem sua presença militar na fronteira.
À 0h55 desta terça-feira (12h55 de segunda-feira em Brasília), após uma segunda rodada de negociações que durou cerca de 33 horas, o acordo foi concluído.
A declaração aceita por Pyongyang, porém, não chega a admitir que o regime plantou minas terrestres na zona desmilitarizada. Em vez de um pedido de desculpas direto, há uma declaração tangencial de arrependimento pelo ocorrido.
Apesar de serem comuns os desentendimentos entre as duas Coreias, observadores internacionais elogiaram o retomada do diálogo entre Seul e Pyongyang e estimularam mais contatos.
"O que é importante aqui é que as duas partes se reuniram e chegaram a um acordo que foi satisfatório para todos", disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA sobre o acordo.
Com ele, a Coreia do Norte também pôs fim ao "semi" estado de guerra que havia declarado contra Seul.
Tecnicamente, as duas nações estão em guerra desde 1950, já que nunca foi assinado um um tratado de paz para a Guerra da Coreia. Há somente um armistício, de 1953.
Com o novo pacto também ficaram previstas, a partir de setembro, reuniões de famílias que estão separadas há décadas em razão do conflito.