Áustria encontra minivan com 3 crianças em estado crítico
Interceptação ocorre após a descoberta de 71 corpos em caminhão; desde 2011, Europa expulsou 1 milhão de refugiados
A polícia da Áustria encontrou um outro veículo que transportava refugiados em condições precárias pelo país na última sexta (28). Dentro da minivan interceptada, havia 26 pessoas, três delas crianças, que apresentavam graves problemas de desidratação e foram levadas ao hospital.
A notícia só foi divulgada pelas autoridades no sábado, quando, segundo a Reuters, o quadro das crianças, de cinco e seis anos, já era estável.
"A equipe médica disse que as crianças [de cinco e seis anos] não teriam resistido muito mais tempo. Talvez apenas mais duas ou três horas", disse David Furtner, porta-voz da polícia austríaca.
O veículo foi flagrado na manhã de sexta próximo a Braunau am Inn, no oeste da Áustria, perto da fronteira com a Alemanha, no dia seguinte à descoberta de um caminhão-frigorífico com 71 corpos em decomposição no país.
A minivan era conduzida por um motorista romeno de 29 anos, que foi perseguido e detido. Segundo as autoridades, os refugiados eram provenientes da Síria, de Bangladesh e do Afeganistão.
Os quatro suspeitos de ligação com o caso do caminhão-frigorífico –três búlgaros e um afegão– tiveram prisão preventiva de um mês pedida por promotores de Justiça húngaros neste sábado.
Os quatro são acusados de tráfico humano envolvendo tortura e objetivando ganho financeiro. As penas devem variar de dois a 16 anos de prisão. O suspeitos serão acusados de homicídio na Áustria.
1 MILHÃO DE EXPULSOS
O caso dos 71 corpos encontrados no caminhão expôs ainda mais a gravidade da crise dos refugiados que chegam à Europa.
Estima-se que 300 mil pessoas cruzaram o Mediterrâneo só neste ano.
A Europa, no entanto, já mandou de volta mais de 1 milhão de refugiados desde 2011, quando teve início a Primavera Árabe. Só em 2014, 252 mil pessoas tiveram de deixar o território europeu. No primeiro trimestre deste ano, foram 64 mil, sendo 4 mil sírios.
Neste sábado, três suspeitos de organizar a travessia de uma embarcação que naufragou no Mediterrâneo na quinta (27) matando ao menos 117 foram detidos na Líbia.
Testemunhos feitos à ONU por refugiados que estiveram em barcos ilegais revelam agressões físicas e até a cobrança de uma taxa extra para acessar o deque para poder "respirar".