UE se propõe a receber 100 mil refugiados
Plano, que sofre resistência interna, é fixar cotas de acolhidos de acordo com a condição de cada país-membro
Premiê húngaro diz que crise é 'problema alemão'; Merkel rebate e fala em obrigação moral de receber fluxo
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, convocou nesta quinta-feira (3) os 28 Estados membros da UE a aceitar dividir o acolhimento de ao menos 100 mil refugiados, para aliviar a pressão sobre os países na linha de frente da crise de refugiados e migrantes.
"Aceitar mais refugiados é um importante gesto de solidariedade real. Uma divisão justa de ao menos 100 mil refugiados entre os Estados da UE é o que precisamos agora", disse Tusk em uma entrevista coletiva ao lado do premiê húngaro, Viktor Orban.
Vários países europeus já rejeitaram cotas de divisão de refugiados –e com números muito inferiores aos 100 mil. Em uma cúpula em junho, acordaram apenas acolher voluntariamente 32 mil pessoas procedentes de Síria e Eritreia, menos dos 40 mil propostos pela Comissão Europeia em maio.
"PROBLEMA ALEMÃO"
Orban declarou que a crise de refugiados e migrantes "não é um problema europeu, mas sim alemão", ao defender a política de seu governo para enfrentar a onda de refugiados que passam por seu país rumo à Alemanha.
"Ninguém quer ficar na Hungria, na Eslováquia, na Estônia, na Polônia. Todos querem ir à Alemanha. Nosso trabalho consiste apenas em registrá-los, e faremos isso", afirmou.
"Os húngaros, os europeus têm medo, porque é possível ver que os líderes europeus (...) não são capazes de controlar a situação", disse Orban, criticado por ter erguido uma barreira em sua fronteira com a Sérvia, um dos países que integram o corredor por onde passam os refugiados, a maioria vinda da Síria.
Durante visita à Suíça, a chanceler alemã, Angela Merkel, rebateu a afirmação de Orban, dizendo que o fluxo de refugiados "é um problema que preocupa a todos nós na Europa" e que a decisão da Alemanha de receber os refugiados é moralmente necessária. O país é o principal destino de requerentes de asilo no continente.
Merkel também indicou apoiar o pedido do Conselho Europeu, afirmando ter discutido com o presidente francês, François Hollande, e que ambos concordam serem necessárias "cotas obrigatórias na UE para dividir a tarefa de [... ajudar] aqueles que precisam de proteção".
Segundo o jornal "The Guardian", o premiê britânico, David Cameron, prepara um plano para que seu governo possa acolher mais refugiados sírios.
Se confirmada. a proposta representaria uma inflexão na atual política do Reino Unido de reforçar a segurança nas fronteiras e evitar o fluxo de migrantes.