Êxito contra EI é maquiagem, diz documento
Analistas afirmam que conclusões foram modificadas para favorecerem Casa Branca
Documentos fornecidos por um grupo de analistas de inteligência a investigadores mostram, segundo suas fontes, que oficiais militares manipularam relatórios sobre o combate ao Estado Islâmico.
A informação foi corroborada por funcionários do governo americano após legisladores governistas e oposicionistas se irritarem com a possibilidade de terem recebido uma imagem distorcida da campanha militar.
O inspetor-geral do Pentágono analisa as denúncias e foca altos funcionários de inteligência que supervisionam dezenas de analistas militares e civis no Comando Central dos EUA, o Centcom, órgão que vistoria as operações militares dos EUA contra o EI no Iraque e na Síria.
"A investigação abordará se houve alguma falsificação, distorção, atraso, supressão ou alteração indevida de informações de inteligência", disse Bridget Serchak, porta-voz do inspetor-geral.
Autoridades dizem que os analistas no cerne da investigação alegam que seus superiores no Centcom mudaram conclusões sobre uma série de tópicos, incluindo a prontidão das forças de segurança iraquianas e o sucesso da campanha de bombardeio no Iraque e na Síria.
As versões revisadas apresentaram uma imagem mais positiva para a Casa Branca, para o Congresso e para outras agências de inteligência, segundo as autoridades.
"Os funcionários de inteligência estão jogando tudo para cima dos superiores", disse um analista de inteligência que, como outros, aceitou falar sob anonimato. Segundo ele, as denúncias envolvem os mais altos funcionários da unidade de inteligência do Centcom, coordenado pelo general Steven R. Grove.
O inspetor-geral do Pentágono não iria se debruçar sobre controvérsias a respeito de diferenças de método entre os analistas, e por isso é incomum que uma investigação seja aberta sobre as conclusões da inteligência em uma guerra em curso.
Desentendimentos sobre conclusões em análises são tão comuns quanto estimulados. Como no processo de revisão por pares no meio acadêmico, o governo quer que os analistas considerem pontos de vista opostos e revisem seus relatórios. Analistas divergentes são incentivados a publicar documentos rivais.
Em 2014, o presidente Barack Obama autorizou uma campanha de bombardeio contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria, e cerca de 3.400 soldados americanos estão no Iraque para assessorar e treinar forças locais.