Painel do Leitor
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Operação Lava Jato
Quando soube que a doutora Beatriz Catta Preta havia renunciado à defesa de todos os clientes da Lava Jato ("Advogada de delatores diz que foi intimidada por CPI", "Poder", 31/7), achei muito estranho. Explico: advogado que atua na área penal está preparado para conviver num mundo diferente do normal. Aprende a conviver com bandido e com o jogo duro da polícia e do Ministério Público. Agora, quando ela declara que as "ameaças veladas" a fizeram abandonar a carreira, fico perplexo.
Ricardo Romanelli Filho, advogado (Pinhais, PR)
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A situação da advogada Beatriz Catta Preta é emblemática. Quando uma advogada experiente e já com certo renome é obrigada a fechar a sua banca e interromper a sua carreira devido a ameaças veladas de deputados federais integrantes da CPI da Petrobras, a situação chega a um limite perigoso. É de destacar o poder intimidatório de que se reveste a ação de tais congressistas, à frente o indefectível Celso Pansera (PMDB-RJ), e o temor que deve acometer vários delatores de envolver Eduardo Cunha em suas delações. Urge uma resposta da sociedade a tais abusos.
Luiz Philippe da Costa Fernandes (Rio de Janeiro, RJ)
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Ver políticos depreciarem o conhecimento científico na área criminal é algo bastante banal. Mais preocupante é isso se dar por um acadêmico ("Lava Jato muda a Justiça e a advocacia", de Joaquim Falcão, Tendências/Debates, 31/7). Creio que faço parte de uma "nova geração de juízes". Porém esta já vem de meio século, da tradição de resistência de juízes democráticos pelo mundo, preocupados, especialmente, com a massa de processos contra réus pobres, que nem sequer têm assegurado o efetivo direito de defesa, deixando-se livres juízes, promotores e delegados, de todas as gerações, para observarem ou não direitos e garantias fundamentais.
Roberto Luiz Corcioli Filho, juiz e membro da Associação Juízes para a Democracia (Itapevi, SP)
Dilma e os governadores
É triste constatar que não apenas a presidente não tem propostas, mas sua equipe de assessores também não consegue estabelecer uma agenda para levar o governo até o final do mandato. Dilma reuniu governadores para um discurso pífio, amarrado a uma minuta que mais parecia um discurso de formatura colegial ("Dilma pede a governadores que superem crise juntos", "Poder", 31/7).
Pasqual Mendonça (Rio de Janeiro, RJ)
Instituto Lula
O ato terrorista praticado contra o Instituto Lula ("Bomba caseira é arremessada contra sede do Instituto Lula em São Paulo", folha.com/no1662824) agride o regime democrático vigente no Brasil, que foi restaurado à custa de muito sacrifício e de muitas vidas. Não devemos admitir que os atos de grupos fascistas passem a ser a linguagem de protestos políticos. Temos que exigir dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e também da imprensa o mínimo de responsabilidade social e ética.
Luiz Carlos Barreto, cineasta (Rio de Janeiro, RJ)
Cortes na Educação
A informação do corte de verbas de apoio à pós-graduação citada na coluna do senador Aécio Neves ("Educadora?", "Opinião", 27/7) e contestada pela Capes (Painel do Leitor, 29/7) foi também divulgada por vários dirigentes de universidades federais. Agora, há apenas a promessa do governo de que os cortes serão atenuados, mas, de concreto, o que existe são cortes. Um exemplo são os repasses para investimentos na forma de auxílio financeiro a pesquisadores: neste ano, apenas R$ 100 mil foram liberados, segundo o Portal da Transparência. Isso significa 0,23% do valor repassado no ano passado.
Luiz Neto, assessor do senador Aécio Neves (PSDB/MG) (Brasília, DF)
Metrô de SP
Na reportagem "Alckmin rompe contrato e atrasa Metrô ainda mais" ("Cotidiano", 31/7) está errada a informação de que a Linha 4-Amarela foi prometida para 2010. Sua construção foi dividida em duas fases, como já explicamos. A primeira começou a operar em 2010 e foi plenamente concluída em 2011. A segunda etapa teve as obras contratadas apenas em 2012 e inclui, justamente, a construção das estações Fradique Coutinho (inaugurada em 2014), Higienópolis-Mackenzie, Oscar Freire, São Paulo-Morumbi e Vila Sônia. Se as obras foram contratadas somente em 2012, não poderiam ter sido entregues em 2010. A confusão da reportagem em relação às fases do projeto precisa ser esclarecida, para o bom entendimento do leitor.
Nanci Moraes, coordenadora de comunicação da Secretaria dos Transportes Metropolitanos (São Paulo, SP)
RESPOSTA DO JORNALISTA ANDRÉ MONTEIRO - Quando a licitação da PPP foi lançada, em 2005, o governo do Estado de São Paulo divulgou que a primeira fase completa entraria em operação em 2008 e que o início da operação da segunda fase estava previsto para 2010.
Incêndio no Memorial
Recebemos com surpresa a reportagem"Quase dois anos após incêndio, Memorial não começou reforma"("Ilustrada", 30/7). O texto não reflete o que acontece no processo de restauro do auditório Simon Bolívar, que segue a tramitação legal e está na fase de licitações. Nesse processo nunca faltou o apoio do governo de São Paulo e do governador Geraldo Alckmin. A seleção da empresa que vai confeccionar a tapeçaria de Tomie Ohtake está na fase final e terá a participação do artesão Jorge Utsunomiya, que ajudou a fazer a peça original, em 1989, e foi indicado pelo próprio Ricardo Ohtake.
João Batista de Andrade, presidente do Memorial da América Latina (São Paulo, SP)
Atentado em Jerusalém
O atentado de um ultrarreligioso "judeu contra compatriotas seus que participavam da parada gay de Jerusalém ("Pânico na parada gay", "Mundo", 31/7) é altamente condenável e demonstra, uma vez mais, o perigo que oferecem as pessoas imbuídas de "supostas" verdades reveladas. A punição de "infiéis" não é política de Estado nem do atual governo de Israel, e o criminoso já havia praticado atentado semelhante e sido preso. Seu ato deve ser condenado por todos os verdadeiros democratas.
Jaime Pinsky, historiador e editor (São Paulo, SP)
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