Yoel Barnea
Gaza: o outro lado da moeda
Israel tem o direito e o dever de defender sua população. Não queríamos esse conflito com o Hamas e os palestinos, mas fomos obrigados a lutar
A Folha publicou em 29 de julho o editorial intitulado "Ruínas palestinas", que descreve a lamentável situação dos palestinos na faixa de Gaza. Muitas informações estão corretas. O texto, porém, é carente de dados importantes e descreve só um lado da moeda, ignorando totalmente o lado israelense.
A operação Margem Protetora foi decidida pelo governo de Israel em julho de 2014, depois que o grupo terrorista Hamas, que governa Gaza desde 2005, sequestrou e assassinou três jovens israelenses.
Além disso, lançou de Gaza centenas de mísseis contra civis israelenses do sul do país (desde 2005 foram mais de 15 mil mísseis e morteiros contra o território israelense) e rejeitou ou violou todas as propostas de cessar fogo de Israel.
O Exército israelense confrontou um inimigo cruel e cínico, que desconhece limites e que violou todos os códigos morais do mundo civilizado. O Hamas utilizou residências, escolas, edifícios da Organização das Nações Unidas e hospitais para lançar seus mísseis, transformando-os em alvos militares, sem poupar sua própria população.
Infelizmente, a comunidade internacional funciona segundo o princípio de "dois pesos, duas medidas" e "se esquece" de condenar as violações dos direitos humanos e dos crimes de guerra do Hamas.
O cinismo não conhece limites: uma comissão de inquérito do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas publicou um relatório sobre o conflito e concluiu não poder determinar claramente as intenções dos grupos armados (eu diria terroristas) palestinos, com respeito à utilização dos túneis construídos entre a faixa de Gaza e o sul de Israel.
Será que essas passagens subterrâneas são construídas para a instalação de uma linha de metrô em Gaza? Não, a intenção do Hamas é atacar alvos civis no sul de Israel através desses túneis.
A lentidão na reconstrução dos prédios residenciais em Gaza não se deve, como presume o editorial, aos controles e restrições israelenses: centenas de caminhões de Israel chegam à Gaza diariamente, fornecendo alimentos, ajuda humanitária, medicamentos etc.
Desde outubro de 2014, Israel abasteceu Gaza com mais de 1,3 milhões de toneladas de material de construção. Parte não chega aos necessitados, sendo utilizado pelo Hamas para continuar com a construção de túneis em direção a Israel.
Israel tem o direito e o dever de defender sua população. Não queríamos ter tido esse conflito com o Hamas e os palestinos em julho de 2014 –fomos obrigados a nos defender da violência contra nossos civis, famílias e crianças.
Como em qualquer outro país, existem em Israel elementos criminosos e extremistas, à margem da sociedade, que atuam contra a lei e atacam alvos palestinos inocentes. Israel condena esses atos criminosos, e aplicará aos responsáveis o máximo rigor da lei.
A paz chegará à região quando o grupo terrorista (reconhecido como tal pela comunidade internacional) Hamas e seus semelhantes renunciarem à violência contra Israel e sua própia população, aceitando solucionar esse longo e sofrido conflito por intermédio de vias pacíficas e concessões mútuas.
Israel está disposto. A guerra pode ser decidida por um lado –porém a paz se conclui pelo menos entre duas partes. Oxalá possamos em breve realizar esse desejo para o bem de toda a população do Oriente Médio, principalmente para palestinos e israelenses.