Governo do Paraná volta a enfrentar problemas de caixa
Beto Richa fez economia de 30% nos últimos meses para pagar 13º salário
Devido ao fraco desempenho da economia, as receitas deste ano estão quase iguais às de 2013
Um ano depois de passar por grave crise financeira, que resultou em atraso de pagamentos e paralisação de obras, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), volta a enfrentar problemas de caixa no final do mandato.
Reeleito no primeiro turno em outubro, o tucano tem dois desafios até dezembro: pagar o 13º salário do funcionalismo, de cerca de R$ 800 milhões, e a conta de fornecedores, com débitos que somam R$ 550 milhões, segundo a Secretaria da Fazenda.
A expectativa é de um fim de mandato austero. Não é cogitada, porém, a hipótese de o Estado parcelar ou postergar o 13º.
O principal problema é a queda na arrecadação, diz o secretário da Fazenda, Luiz Eduardo Sebastiani.
Devido ao fraco desempenho da economia, as receitas deste ano estão quase iguais às de 2013. Cresceram entre 5% e 6%, abaixo da inflação.
Enquanto isso, as despesas tiveram um impulso "inercial", segundo o secretário Sebastiani, de 7% a 8%, em função de compromissos com reajustes, contratações e gastos de custeio.
O governo precisou decretar economia de 30% nos últimos três meses de mandato e ainda enviar um "pacotão" de medidas à Assembleia para reforçar o caixa.
Na semana passada, foram aprovadas medidas na Assembleia para revigorar o caixa. Entre elas, estão um desconto de 10% no IPVA para quem pagar o imposto até o início de janeiro, e um programa de refinanciamento de dívidas que deduz em até 95% juros e multas aos inadimplentes.
Parte do dinheiro deve entrar no caixa ainda neste ano. A expectativa do Estado é recolher R$ 1,5 bilhão com as duas medidas.
A mudança da taxa de juros da dívida com a União, votada nesta semana pelo Senado, é vista como animadora, ainda que a economia seja pequena: R$ 8 milhões a menos por mês em prestações da dívida.
Desde o início do ano,o dinheiro do Estado vem sendo administrado a conta-gotas, e toda nova despesa passa pelo crivo da Fazenda, que autoriza ou não a fatura.
PEREGRINAÇÃO
Prefeitos e secretários têm feito uma peregrinação à pasta da Fazenda pedindo liberação de recursos, muitas vezes sem sucesso.
Além de administrar a queda na receita, o Estado teve ainda que saldar R$ 1,1 bilhão de dívidas do ano anterior (ainda faltam R$ 180 milhões a pagar) e atender aos compromissos normais de gastos da gestão.