Escândalo na Petrobras
Corrupção leva executivos de oito empreiteiras à cadeia
* EMPRESAS SÃO ACUSADAS DE PAGAR PROPINA PARA FAZER NEGÓCIOS COM ESTATAL * EX-DIRETOR LIGADO AO PT É PRESO
A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira 21 executivos de oito das maiores empreiteiras do país, todos acusados de participação no esquema de corrupção que teria desviado recursos da Petrobras para o PT e outros partidos que apoiam o governo no Congresso.
O juiz federal Sérgio Moro, um dos responsáveis pela condução das investigações da Operação Lava Jato da PF, mandou prender 25 executivos, incluindo os presidentes de quatro empreiteiras, Camargo Corrêa, Iesa, OAS e UTC. Até o fim da noite, os policiais ainda não haviam encontrado quatro pessoas da lista.
É a primeira vez que os executivos dessas empresas são levados à cadeia. As prisões ampliam a pressão sobre as empresas num momento em que seus advogados começavam a discutir com o Ministério Público Federal a possibilidade de colaborar com as investigações e pagar indenizações bilionárias em troca da redução das punições previstas para seus funcionários.
Os policiais também fizeram buscas em escritórios da Odebrecht, que não teve nenhum executivo com prisão decretada. As nove empresas atingidas pela operação têm R$ 59 bilhões em contratos com a Petrobras, segundo a polícia. A Justiça mandou bloquear R$ 720 milhões em recursos nas contas dos executivos.
O ex-diretor da Petrobras Renato Duque, ligado ao PT, foi preso também. Ele foi acusado por outro ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, que foi preso em março e colabora com as investigações desde agosto.
"Não há rosto nem bolso na República", disse um dos procuradores que atua nas investigações, Carlos Fernando Lima. "Era mais fácil advogar na época da ditadura", disse o advogado Antonio Claudio Mariz de Oliveira, defensor de um executivo da Camargo Corrêa.