Análise
Objetivo dos investigadores é prender os corruptores para estancar o suborno
O objetivo dos policiais e procuradores federais que atuam na fase atual da Operação Lava Jato é colocar os corruptores na prisão.
Por corruptores entenda-se os presidentes e diretores de grandes empreiteiras, como Odebrecht, Camargo Corrêa e Mendes Júnior.
Essas empresas --nove ao todo, pertencentes a sete grupos-- têm contratos que somam R$ 59 bilhões com a Petrobras, considerando o período de 2003 a 2014.
Dito de outra forma, eles querem "passar o país a limpo", para usar um clichê repetido por eles que pode soar ingênuo aos céticos.
A pergunta que eles não cansam de repetir é bem simples: por que esses executivos não são presos como os outros criminosos? Por que essa blindagem?
É essa carapaça que eles começaram a furar nesta sexta-feira (14), com uma apuração que mesmo advogados das empreiteiras reservadamente dizem ser difícil de contestar, do ponto de vista exclusivamente jurídico.
Com os corruptores acuados e presos, acreditam os policiais, há uma chance histórica de a corrupção deixar de ser epidêmica no país, rompendo o ciclo que liga políticos a empreiteiras e empreiteiras a propina.
Não por acaso o modelo de investigação deles é a Operação Mãos Limpas, que devastou a máfia e a corrupção política na Itália nos anos 1990.
Prender corruptores não era o objetivo inicial da investigação, centrada no que parecia ser um doleiro de província, Alberto Youssef.
O objetivo passou a ser as empreiteiras quando o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e Youssef preferiram a delação à prisão.
Policiais federais não se conformam até hoje que a investigação em torno da Camargo Corrêa, na Operação Castelo de Areia, tenha sido arquivada em 2011 por decisão do STJ por causa de uma questão processual (as escutas telefônicas não foram precedidas por investigação de campo, como determina a legislação). Todas as supostas irregularidades descobertas à época foram jogadas no lixo com a decisão do STJ.
A sexta-feira 14 é um dia histórico para policiais que não se conformavam com o fim da Castelo de Areia. Não há espírito de revanche, mas de missão cumprida.