Escândalo na Petrobras
Executivo afirma que propina para Duque era paga no exterior
Segundo Julio Camargo, da Toyo Setal, pagamentos eram feitos na conta de uma offshore chamada Drenos
Ministério Público afirma que executivo mencionou as contas bancárias utilizadas nas transações
Propinas ao ex-diretor da área de Serviços da Petrobras Renato Duque e ao ex-gerente executivo da petroleira Pedro Barusco eram pagas, "em sua maioria", em contas no exterior, segundo a delação premiada feita ao Ministério Público pelo executivo da Toyo Setal Julio Camargo.
Um dos pagamentos teria sido feito na conta de uma offshore chamada Drenos. Segundo Camargo, a conta era "mantida no Banco Cramer, na Suíça" e "controlada pelo próprio Renato Duque".
Já no caso de Barusco, segundo a Procuradoria no Paraná, ele "teve mais de 20 milhões de dólares apreendidos administrativamente na Suíça neste ano pelas autoridades daquele país".
Julio Camargo e outro executivo da Toyo Setal, Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, firmaram acordo de delação premiada em outubro para obter uma pena menor.
Os depoimentos --em parte transcritos na representação apresentada pelo Ministério Público à Justiça Federal do Paraná para as prisões da sétima fase da Operação Lava Jato-- descrevem que em nove obras da Petrobras houve desvio de recursos.
Segundo os executivos, a empresa pagou em propina mais de R$ 30 milhões para Duque e Barusco em relação a esses contratos.
No caso da refinaria da Petrobras Repav, em São José dos Campos (SP), construída por consórcio formado pelas empresas Toyo, Camargo Corrêa, OAS e SOG, Camargo relatou que "repassou em propina para a diretoria de engenharia e Serviços o valor de R$ 6 milhões, sendo pago a maioria no exterior e parte em reais no Brasil".
E detalhou: "No exterior, realizou depósitos de suas contas no Credit Suisse para contas indicadas por Renato Duque e Pedro Barusco".
Em outra obra, do projeto Cabiúnas 2, Camargo contou que "foi exigida vantagem indevida por Renato Duque e Pedro Barusco para o referido contrato" e que "pagou em torno de R$ 3 milhões, parte no Brasil e outra parte no exterior".
Para a construção da refinaria Repar, os executivos divergem sobre os valores: Camargo disse ter pago cerca de R$ 12 milhões "mediante transferências feitas pelo declarante no exterior", enquanto Augusto Ribeiro afirmou que "acabou-se pagando R$ 20 milhões".
Os valores eram divididos conforme o prazo da obra e pagos em parcelas iguais, bimestrais, relatou Augusto.
O Ministério Público escreve na manifestação que "Julio Camargo e Augusto não apenas narram os fatos, mas indicam contas bancárias utilizadas nas transações, datam as transações, especificam locais de encontros, descrevem os meios utilizados".