Escândalo na Petrobras
Assediado, juiz rejeita imagem de 'ídolo'
Sergio Moro, que conduz processos da Operação Lava Jato, evita contato com imprensa durante seminário jurídico
Ele tentou evitar ser fotografado, deixou o evento com seguranças e só respondeu a uma pergunta no elevador
Assediado por jornalistas e fotógrafos, o juiz federal Sergio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato, deixou um seminário jurídico realizado nesta quinta-feira (4) no Rio rejeitando a celebridade que o caso lhe trouxe.
Moro, 42, deixou seu gabinete, em Curitiba, para participar de um seminário sobre corrupção e lavagem de dinheiro organizado pela Esad Cursos com patrocínio do Instituto dos Advogados Brasileiros e do banco BNY Mellon.
Entrou tímido no auditório, quando os participantes do evento ainda voltavam do almoço, e foi recebido sem alvoroço pela plateia, formada por cerca de 50 profissionais que pagaram R$ 2.100 para ver oito autoridades falarem.
Moro opôs-se inicialmente a se deixar fotografar. Depois, liberou o registro por alguns minutos. Ele pediu desculpas ao jornalistas por não falar, dizendo-se impedido de comentar "casos pendentes".
Respondeu a apenas uma pergunta, quando um repórter perguntou se ele se considerava um "ídolo nacional". "Não", disse, no fundo do elevador após deixar o auditório, antes do fim do evento, acompanhado de seguranças.
Durante sua apresentação no seminário, Moro falou sobre a "doutrina da cegueira deliberada", que permite condenar pelo crime de lavagem de dinheiro pessoas que movimentam recursos suspeitos fazendo vista grossa para indícios de origem criminosa.
Para o juiz, trata-se de uma estratégia usada por muitos acusados para se defender. Ressaltando que não tratava de qualquer caso em andamento, Moro disse que o tema foi abordado de forma "incidental" durante o julgamento do mensalão petista pelo Supremo Tribunal Federal e poderá voltar a ser debatido pela corte. Moro trabalhou no Supremo durante o julgamento, como assessor da ministra Rosa Weber.
Moro ganhou notoriedade com as investigações do caso Banestado, em que doleiros e operadores foram processados por evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Ele agora conduz os processos contra empreiteiras, doleiros e ex-funcionários acusados de participar do esquema de corrupção na Petrobras desvendado pela Operação Lava Jato. Ações contra políticos só poderão ser abertas com autorização do STF.