PF cobra Petrobras sobre relação com Odebrecht
Empreiteira é citada em delação como uma das integrantes do 'clube' que dividia obras
O delegado da Polícia Federal Eduardo Mauat da Silva, que integra a Operação Lava Jato, cobrou da Petrobras que informe todos os negócios que fechou desde 2005 com as empresas do grupo Odebrecht, uma das principais empreiteiras do país.
O pedido, enviado em outubro, não havia sido atendido até esta segunda-feira (15), quando o delegado reiterou que havia dado um prazo máximo de 15 dias para que a estatal indicasse "qualquer tipo de pagamento, repasse de recursos ou transferência financeira a qualquer título", incluindo consórcios, dos quais a Odebrecht faz parte.
O delegado pediu que a Petrobras informasse datas, valores e formas de pagamentos dos contratos e nominasse os "responsáveis pela aprovação e liberação de cada uma das referidas operações financeiras". O prazo acabou em meados novembro, sem que a estatal apresentasse nenhuma resposta.
A Petrobras argumentou que estava com dificuldades para cumprir o pedido porque faltavam os números de CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) das empresas de interesse da investigação.
Em e-mail enviado nesta terça-feira (16) à PF, a estatal informou que um escritório de advocacia da petroleira acompanhava o caso e "provavelmente está protocolando ainda hoje a resposta".
Citada em depoimentos do delator Augusto Mendonça Neto como uma das integrantes do "clube" de empreiteiras que dividiria obras da Petrobras, a Odebrecht não teve nenhum de seus executivos presos pela Lava Jato.
A Odebrecht também não foi até aqui alvo de denúncias do Ministério Público. No entanto, um endereço da empresa e a residência de três funcionários da empreiteira foram alvos de mandados de busca e apreensão.
No escritório da empresa no Rio de Janeiro, a PF arrecadou duas pendrives. Na casa de Márcio Faria da Silva, executivo da área de óleo e gás da empreiteira, recolheu um computador, dois pen drives e um celular Blackberry. para averiguação.
A PF conduz um inquérito próprio sobre a Odebrecht.
Os advogados da empresa, Dora Cavalcanti Cordani e Augusto de Arruda Botelho, afirmam que a Odebrecht não realizou "direta ou indiretamente, transações com as empresas CSA, GFD, MO, Empreiteira Rigidez e RCI Software", todas relacionadas ao doleiro Alberto Youssef.
Os advogados também dizem que a empresa e seus funcionários estão "à disposição para eventuais outros esclarecimentos".
A Petrobras informou à Folha que prestou nesta quarta as informações solicitadas pela PF. "A Petrobras mantém sua postura de efetiva colaboração com as autoridades públicas que estão conduzindo as investigações no âmbito da Operação Lava Jato."