Ao menos oito Assembleias terão no comando alvo de ação judicial
Processos envolvem suspeitas de desvios de recursos e problemas em prestações de contas
Novos presidentes dos Legislativos de MS e RR, Júnior Mochi (PMDB) e Jalser Renier (PSDC) têm condenações
Um político que escapou da Lei da Ficha Limpa em cima da hora e um deputado com histórico de afastamentos estão entre os nomes que vão comandar Assembleias Legislativas a partir de 2015.
A maioria das Casas escolheu presidentes neste domingo (1º). Outras cinco (AP, BA, ES, PE e RJ) elegerão a direção nesta segunda (2); em SP, a escolha será em março.
Levantamento da Folha mostra que, em ao menos oito Estados, os futuros dirigentes têm pendências na Justiça --questionamentos sobre desvio de recursos públicos, contratações suspeitas e falta de prestações de contas.
Edson Brum (PMDB), que assumiu a chefia do parlamento gaúcho no sábado (31), responde a ação penal por suspeita de irregularidades em licitação quando comandou uma fundação estadual.
Eleito no domingo para presidir a Assembleia de MS, Júnior Mochi (PMDB) já foi condenado, em primeira instância, a devolver verba de obra paga pela prefeitura de Coxim (MS) e não executada.
Jalser Renier (PSDC), novo chefe do Legislativo de RR, condenado por envolvimento em desvios de recursos, foi enquadrado pela Lei da Ficha Limpa nas eleições de 2014 --ele reverteu a decisão.
E há dirigentes que se mantêm no cargo por decisões provisórias, como Moisés Souza (PSC-AP), que disputará a reeleição. Presidente da Assembleia desde 2011, Souza é réu em 11 ações penais e já foi afastado quatro vezes por denúncias de fraudes em licitações e desvio de verbas.
Outros parlamentares têm suspeitas de irregularidades em gestões anteriores deles próprios no comando das Assembleias Legislativas.
Em RO, Maurão de Carvalho (PP), eleito ontem, responde por suspeita de desvios de R$ 2,7 milhões da Casa para a compra de 1.757 passagens aéreas sem justificativa.
Themístocles Filho (PMDB-PI), reeleito, teve a prestação de contas de 2009 rejeitada.
Favorito para a reeleição do comando do Legislativo na BA, Marcelo Nilo (PDT) responde por suspeita de crime de responsabilidade e irregularidades na contratação de funcionários temporários da Casa.
Já contra Theodorico Ferraço (DEM-ES) há processos relativos ao período em que foi prefeito de Cachoeiro do Itapemirim (ES).
Para o juiz Márlon Reis, idealizador da Lei da Ficha Limpa, é "lamentável" que não haja maior controle sobre quem exerce cargos como presidência de Assembleias.
"Essa posição deve ser exercida por pessoas sobre as quais não reste dúvida sobre a probidade", diz.