Escândo na Petrobras
Doleiro não ocultou bens, diz advogado
Segundo ele, Leonardo Meirelles mentiu ao acusar Youssef de ter patrimônio maior que o declarado em acordo
Defensor afirma ainda que os dois não eram sócios e que empresário também atuava como doleiro
O advogado do doleiro Alberto Youssef, Antônio Figueiredo Basto, negou nesta segunda-feira (2) que seu cliente tenha omitido o tamanho real de seu patrimônio à Justiça Federal.
A acusação foi feita em entrevista à Folha, publicada neste domingo (1º), pelo empresário Leonardo Meirelles, que foi sócio de Youssef. Segundo ele, o doleiro tinha patrimônio muito superior aos R$ 50 milhões que diz ter.
De acordo com Meirelles, Youssef "tem muitas coisas ocultas, dentro de fundos, ou são ao portador. O patrimônio dele é de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões. O banco do Youssef --porque doleiro é como um banco-- movimentava de R$ 30 milhões a R$ 40 milhões por mês".
Caso seja verdadeira, a acusação pode anular o acordo de delação premiada que Youssef fez com a Justiça, e pelo qual denunciou políticos e empreiteiros envolvidos com corrupção na Petrobras.
"É mentira, mentira", declarou Basto. "[Meirelles] Não indicou patrimônio, não indicou nada. É um mentiroso."
O advogado disse que Meirelles não era sócio de Youssef, e sim que era doleiro e fez operações de câmbio para ele. Para o defensor, é preciso ver se há alguma acusação formal no inquérito para que haja apuração e acareação.
"Não é uma acusação formal, é feita pela imprensa. E tem que provar. Quem fala, prova", afirmou o advogado.
Na entrevista, Meirelles disse que emprestava empresas para Youssef fazer remessas e ganhava 1% do valor.
"Ganhei US$ 1,5 milhão, ou quase R$ 4 milhões, em quatro anos. Youssef tenta se colocar como vítima dos políticos, mas ele era o mentor porque fazia a ponte entre os setores público e privado, entre empreiteiras e a Petrobras. Em 2003, ele era um doleiro municipal, mas depois tornou-se um doleiro federal, com poderes em ministérios."
O empresário disse que Youssef era sócio oculto de outras empreiteiras, além da UTC: "Em vários processos que ele intermediou para as empreiteiras, em vez de ganhar recursos, ele adquiriu percentuais do projeto".
Meirelles negou que tenha pagado recursos ao ex-deputado federal André Vargas: "Vargas foi colocado de forma equivocada e injustiçada nesse processo... Nunca dei um centavo ao Vargas".