Indicação é alvo de críticas dentro da estatal e no mercado
Funcionários da Petrobras dizem que ele não conhece o setor e que sua credibilidade pessoal está arranhada
O nome de Aldemir Bendine para a presidência da Petrobras caiu como uma "bomba" entre o corpo técnico da Petrobras e desagradou os investidores. As ações da empresa foram castigadas na Bolsa, com uma queda de quase 7%, para R$ 9,12.
A expectativa na estatal e no mercado era que o governo optasse por um nome do setor privado, especialista em gerenciar crises e capaz de recuperar a credibilidade da Petrobras. Graça Foster chegou a sugerir essa alternativa a Dilma: um presidente do mercado com uma diretoria de técnicos da empresa.
Para funcionários, Bendine não tem nenhuma das qualidades necessárias: não conhece o setor de petróleo, não tem experiência com empresas em dificuldade, e sua credibilidade está arranhada por suspeitas de favorecimento pessoal na presidência do BB.
Entre os nomes que foram ventilados para o cargo, um dos que tinha maior suporte dos funcionários era o de Antônio Maciel, que hoje ocupa a presidência do grupo Caoa. Ex-funcionário da Petrobras, Maciel chegou a presidir a associação de petroleiros e é conhecido por seu trabalho na Cecrisa, Ford e Suzano.
"O mercado esperava um nome diferente, de fora do governo, indicado pelo Joaquim Levy. A escolha dos nomes frustrou bastante os investidores", afirma André Moraes, analista da corretora Rico.
"Não nos parece que ele terá autonomia necessária para melhorar os indicadores da Petrobras", disse Marco Aurélio Barbosa, da CM Capital.
A repercussão no exterior também foi negativa. "Os fundamentos da companhia não vão mudar e as ameaças relacionadas à corrupção, como processos nos EUA, atrasos na produção vão persistir", afirmou Jose Bernal, analista da BBVA em Nova York. Para João Augusto de Castro Neves, do Eurasia Group, Dilma priorizou a sensibilidade política às credenciais de mercado.