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Em meio à crise, tucanos respondem aos petistas com ironia nas redes sociais
Poucas vezes quatro senadores tucanos deram uma demonstração tão enfática de que sabem trabalhar juntos.
Cassio Cunha Lima (PB) deu a ideia. Aécio Neves (MG) escreveu o cartaz: "Foi FHC". José Serra (SP) sacou uma nota de R$ 2 do bolso. Estava amarfanhada. Tasso Jereissati (CE) tirou então uma cédula novinha da carteira e entregou-a ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
FHC posou rindo para a fotografia, divulgada em seguida na internet como uma resposta irônica ao ataque sofrido há uma semana, quando a presidente Dilma Rousseff afirmou que a corrupção na Petrobras deveria ter sido investigada em seu governo.
O PT reagiu rápido. Horas depois, usou a mesma foto adicionando legendas provocativas, como: "Quem nunca investigou a corrupção?".
A produção do retrato foi, provavelmente, o momento mais leve do almoço em que o ex-presidente e a cúpula do PSDB no Senado discutiram os rumos do país. À mesa, nesta sexta (27), tucanos projetaram um cenário sombrio.
"Daqui a seis meses, vamos sentir saudade da economia como está hoje", afirmou Serra, segundo um dos presentes. FHC contou que esteve recentemente com o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga. Ao resumir suas impressões, deixou no ar a sensação de que Fraga prevê um "colapso econômico".
Os tucanos chegaram a um consenso sobre os atos que pedem o impeachment de Dilma: defenderão as manifestações, mas sem envolver o partido. "Quanto mais populares, mais fortes serão os protestos", opinou Aécio, segundo um aliado.
Serra e FHC manifestaram preocupação. Especularam que, em caso de impedimento da presidente, haverá cobranças para que o PSDB colabore com o novo governo.
Na avaliação dos tucanos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem procurado manter distância das medidas econômicas impopulares tomadas por Dilma e trabalha para reagrupar o movimento trabalhista, de olho nas eleições presidenciais de 2018.
As implicações da Operação Lava Jato também foram debatidas. "Quando a lista for divulgada, será o começo do fim", disse Serra, em referência aos nomes dos políticos que deverão ser alvo de inquéritos. Para ele, o envolvimento de diversos partidos, somado ao desajuste econômico, engrossará o caldo de uma grave crise institucional.
Na saída, Aécio disse aos repórteres que o partido não teme a ligação de tucanos com o escândalo. No caminho do carro, o mineiro posou para selfies com admiradores.
Mais tarde, Serra postou outra ironia em uma rede social. Era uma fotomontagem com o rosto de Fernando Henrique e a legenda: "Descoberto o líder da greve dos caminhoneiros... FHC!".